Mercado

Motores 1.0 ganham tecnologia, concorrentes e vida longa

Responsáveis por um terço das vendas no País, os 1 litro estão em apenas 8% das versões de automóveis oferecidas

Por George Guimarães

A profecia era quase unanimidade na boca dos críticos de duas décadas atrás: com o advento do chamado Carro Popular, o Brasil estaria fadado a ser o país dos carros 1.0.  Ainda que presentes agora em somente 34% dos automóveis de passeio vendidos – sem contar comerciais, os 1.0 seguem aí, firmes, mas nem de longe suscitam críticas no mesmo tom graças aos novos patamares tecnológicos e de desempenhos que alcançaram.

O Brasil não se tornou o país da jabuticaba chamada 1.0, mas sim de veículos dotados de motores abaixo de 1.6 litro. Hoje os 1.0, 1.2, 1.4, 1.5 e 1.6, de três ou quatro cilindros, estão em 77% dos automóveis negociados aqui, calcula Rafael Abe, gerente da consultoria Jato Dynamics.

E assim deve seguir nos próximos anos. “Isso devido ao desenvolvimento de novas tecnologias que permitiram que motores de menor cilindrada tenham desempenho equivalente aos de maior capacidade, porém consumindo menos combustível e emitindo menos poluentes”, justifica Abe.

Os próprios 1 litro são bons exemplos dessa revolução tecnológica dos motores nacionais, em especial nos últimos quatro anos, quando a indústria se viu obrigada, por força de legislação, a investir em produtos de maior eficiência.

Com 128 cavalos, motor 1.0 do Novo Polo é 2,5 vezes mais potente do que o do primeiro Uno Mille

Se nos idos dos anos 90 o pioneiro 1.0 carburado do Fiat Mille desenvolvia 49 cavalos, o Novo Polo a ser fabricado pela Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) neste segundo semestre é empurrado por um 1.0 com turbo e injeção direta de combustível que chega a 128 cavalos, algo inimaginável no mercado brasileiro mesmo no início desta década.

O fim das grandes diferenças de impostos em favor dos 1 litro, recorda o consultor da Jato, também contribuiu em parte para essa mudança do perfil do mercado. Até 2012 eles não recolhiam IPI e hoje a alíquota chega a 7%, muito próxima das incidentes sobre carros com motores entre 1.1 litro e 2 litros, de 9% (flex) e 11% (gasolina).

Se já não figuram no topo das vendas totais, os 1 litro têm ainda relevância inquestionável e até mantêm a ponta em produtos importantes. Isso explica o porquê de, mesmo adotados em somente 375 versões dos veículos, 8% das quase 4,8 mil vendidas no Brasil – de 1.1 até 2.0 litros são 2,8 mil –, somam ainda perto de um terço de todos os automóveis negociados.

Domínio – É o caso dos líderes do mercado. No mix de vendas do primeiro colocado, o Chevrolet Onix, os 1 litro responderam por 60% dos negócios no primeiro semestre de 2017. A participação no caso do Hyundai HB20, incluindo a versão sedã, foi semelhante, de 59%. E no terceiro lugar Ford Ka, ainda mais expressiva: 76%.

E mais produtos 1.0, além do futuro Novo Polo, já chegaram, estão em gestação ou desembarcarão nas revendas em breve. Exemplos mais próximos são os novíssimos Fiat Argo, já à venda, ou o Renault Kwid, cuja apresentação oficial acontece no próximo dia 2. Ambos modelos-chave para pretensões mercadológicas das duas marcas. Sinal de as própria montadoras sabem que a jabuticabeira ainda vicejará por algum bom tempo.


Fotos: Divulgação

Compartilhar
Publicado por
admtmp

Notícias recentes

Morini anuncia início da montagem de motos em Manaus

A partir de kits CKD, serão fabricados três modelos: X-Cape 650cc, Seiemezzo 650cc e Calibro…

% dias atrás

Bosch vai nacionalizar mais uma etapa do ESP, com produção da ECU em Campinas

Gáston Diaz Perez, CEO e presidente na América Latina, revela faturamento de R$ 10,8 bilhões…

% dias atrás

Alex Pereira é o novo diretor-gerente da SKF Brasil

Executivo será responsável pela Divisão Mercado Industrial

% dias atrás

Inmetro fará testes de eficiência energética no Campo de Provas de GM

A primeira rodada de avaliação contará com 27 modelos, um de cada montadora. Entre eles,…

% dias atrás

Randoncorp fatura R$ 3,2 bilhões no trimestre e cresce 25,8%

"Trabalhamos em diversas frentes para tornar a empresa cada vez mais forte e resiliente”, diz…

% dias atrás

Produção de veículos na Argentina fecha em alta de 9% no 1º quadrimestre

Ritmo das atividades acompanha momento positivo do mercado, que cresceu 77% no período

% dias atrás