Por George Guimarães
Com o perdão do trocadilho óbvio, o híbrido Toyota Prius parece estar com carga total no mercado brasileiro. Seu desempenho de vendas em 2017 é comparável à arrancada de um superesportivo com potente – e normalmente poluente e gastão – motor à combustão! Se ao longo de 2016 foram emplacadas 486 unidades do modelo trazido do Japão, de janeiro a julho já são 1.052 veículos, um salto de 118%!
O Prius respondeu sozinho por 43% das vendas de híbridos no primeiro semestre, aponta a consultoria Jato Dynamics, e o volume acumulado até julho equivaleu a todo o mercado nacional de híbridos do ano passado. Só no mês passado foram negociadas 202 unidades, recorde mensal. E Roger Armellini, gerente de produto da montadora, assegura não se tratar de resultado episódico. “Este é o patamar mensal mínimo daqui para frente”, afirma o executivo.
Se assim for, e as duas centenas mensais prevalecerem nas planilhas, o Prius deve encerrar o ano com cerca de 2 mil unidades negociadas em todo o País – um salto e tanto para quem registrou em torno de oitocentos veículos vendidos entre 2013, quando chegou ao mercado interno, e o ano passado. Talvez até mais, já que Armellini, sem detalhar o quanto, afirma que a média poderá ser um tanto maior já nos próximos meses.
Como o mercado brasileiro de automóveis está longe de seus melhores dias e o Prius não é para qualquer bolso – custa R$ 126,6 mil –, muito dessa efervescência nas vendas do modelo se deve, na maior parte, à chegada da nova geração – a quarta desde o surgimento do Prius no Japão em 1997 – ainda no começo do segundo semestre de 2016.
O carro é rigorosamente outro: tem design ainda mais futurista, é maior, mais largo e mais econômico. Até a plataforma mudou. O atual modelo foi concebido sobre a TNGA, sigla para Toyota New Global Architecture, base modular que estará em diversos lançamentos globais da empresa. Segundo Armellini, com ela a Toyota aprimorou o comportamento dinâmico do Prius, alvo de algumas críticas nas gerações anteriores, e pôde alojar as baterias sob os bancos traseiros, o que liberou espaço no porta-malas.
Mas para além desses aspectos técnicos, o desenho da carroceria que mais lembra a de um carro de ficção científica é, talvez, o grande chamariz do modelo – para o bem e para o mal, já que pode ser bastante contestado pelo consumidor médio.
O gerente de produto da Toyota reconhece a excentricidade dos traços, mas justifica: “Desde o primeiro modelo, há vinte anos, o Prius sempre teve um desenho à frente do seu tempo. É proposital, para chamar a atenção para a tecnologia híbrida. A Toyota já definiu que até 2050 todos seus veículos serão híbridos, elétricos ou movidos a célula de combustível”.
Comunicação específica – Armellini credita a ascensão das vendas também ao trabalho de comunicação específico para o híbrido, desenvolvido desde a chegada da atual versão. A Toyota tem promovido test-drives, exibições em shoppings e série de iniciativas direcionadas a um público que tem a tecnologia como prioridade, o hábito de consumir precocemente novidades tecnológicas. Não por outro motivo o Prius conta com boa parte de sua visibilidade assegurada nas mídias digitais e em canais pagos de televisão.
A maior parte das vendas está concentrada naturalmente nos grandes centros urbanos, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre, onde o para-e-anda do trânsito evidencia as vantagens do motor elétrico que atua automaticamente até 44 km/h. Ainda assim, a empresa vem contabilizando números crescentes de emplacamentos até em cidades médias e pequenas.
“Em Marília (SP) foram vendidas quatro unidades em junho e em Salvador, no mês passado, outras cinco”, ilustra Armellini, que diz que o custo de manutenção não é impeditivo para a atração de novos clientes. Até os 50 mil quilômetros, afirma o executivo, o custo é exatamente igual ao do Corolla, algo como R$ 2,6 mil. “A manutenção é extremamente simples e, em alguns casos, o desgaste das peças é inferior ao de carros convencionais.” O Prius tem 3 anos de garantia e 8 anos para o sistema híbrido.
Fotos: Divulgação/Toyota
- Consórcios caminham para recorde de cotas vendidas - 16 de dezembro de 2024
- Após três décadas, Corolla perde a hegemonia de Toyota mais vendido no Brasil - 16 de dezembro de 2024
- Segundo semestre “salva” as exportações de veículos - 12 de dezembro de 2024