Apesar de estar em uma situação confortável, operando em três turnos e sem problemas com estoque, a Hyundai Motor do Brasil prefere aguardar mais um pouco para decidir por novos investimentos em aumento da produção. “Decisões nesse sentido só quando houver crescimento consistente do mercado brasileiro”, diz Angel Martinez, diretor-executivo de vendas, marketing e pós-venda da empresa. Ele admite que a Hyundai tanto pode optar pela ampliação da fábrica de Piracicaba, SP, como por uma nova fábrica. O novo produto a ser fabricado por aqui será fator importante com relação a ter ou não fábrica em outro local: “Vai depender da plataforma, se tem sinergia com o que temos ou não”. O certo é que para crescer no País a Hyundai tem de investir. Enquanto isso, usufruiu este ano do reconhecimento do título Marca do Ano, concedido pela Fenabrave a partir de pesquisa de relacionamento feita junto à rede. A empresa já tinha obtido tal conquista em 2013.
Por Alzira Rodrigues
A Hyundai acaba de ser premiada como a Marca do Ano da Fenabrave. Qual a importância desse título?
É um reconhecimento da própria rede da relação de confiança e parceria que a empresa mantém com seus concessionários. Por sermos uma marca nova podemos adotar, em conjunto, práticas que não favorecem outras redes. E insisto: tudo tem a ver com a cultura da empresa de respeito e confiança. Nós priorizamos o estoque da rede e não o nosso. Só repassamos produtos quando a concessionária precisa.
A Hyundai é a segunda marca mais vendida no varejo. Qual a participação das vendas diretas nos seus negócios?Enquanto algumas marcas têm mais de 50%, nossas vendas diretas giram em torno de 15% dos emplacamentos. Nosso objetivo é que o concessionário se beneficie da venda. Como disse o presidente da Abrahy, a associação da nossa rede, Daniel Kelemen, ao AutoIndústria, temos um dos maiores volumes de venda de veículos por loja no País. São 210 concessionários atualmente.
A rede Hyundai, então, está saudável?
Tem uma frase simples que a gente segue sempre. Concessionário rentável é concessionário feliz. Queremos que eles ganhem dinheiro não só com o carro novo, mas também no pós-venda, garantindo assim um retorno decente do seu investimento.
A fábrica de Piracicaba, no interior paulista, opera hoje no seu limite. Quando haverá ampliação?
Quando sentirmos um crescimento mais saudável do mercado. Estamos operando em três turnos, incluindo alguns sábados, desde o ano passado e acompanhamos o mercado o tempo todo. Não tivemos demissões, PPE e nem adotamos qualquer outra medida do gênero. Operamos com 91% de utilização, praticamente sem ociosidade. Só não podemos falar em 100% por causa das férias coletivas.
Ou seja, vocês só poderão crescer com novos investimentos. Quando eles serão anunciados?
Primeiro vamos esperar que a retomada do mercado seja concreta. Ter certeza de que o crescimento é consistente. Quando viemos para cá, investindo em capacidade de 180 mil veículos/ano, visávamos participação de no máximo 5% do mercado, considerando que na época o País absorvia 3,5 milhões de veículos.
Mas vocês atingiram uma participação maior do que a programada…
Infelizmente isso aconteceu porque as vendas internas caíram. Mantivemos nosso projeto de 180 mil unidades por ano e acabamos chegando a 9,6% de participação (acumulado deste ano) porque o mercado como um todo retraiu. E para crescer mais só ampliando a fábrica.
O espaço de Piracicaba permite uma ampliação?
Temos lá 1,35 milhão de metros quadrados, que comportam a fábrica, um Centro de Desenvolvimento e Pesquisa e um parque fabril com dois fornecedores sul-coreanos pertencentes ao Grupo Hyundai. São 2,5 mil empregos diretos e mais 2,5 mil indiretos. Tem como expandir Piracicaba. Mas ainda não temos qualquer decisão nesse sentido. Podemos tanto expandir a fábrica atual como construir uma nova.
O que levaria a empresa a construir fábrica em outro local?
Quero deixar claro que ainda não há qualquer decisão em relação aos nossos futuros investimentos. Como já disse, primeiro vamos aguardar a efetiva retomada do mercado. Quanto a ter uma nova fábrica ou não, pesam alguns fatores como por exemplo o produto que viermos a produzir aqui. Se tiver sinergia com os nossos produtos atuais, a ampliação é mais simples. Se não tiver sinergia, pode gerar a opção por construir fábrica em outro local. Mas nada disso está decidido ainda.
Mas a marca só poderá crescer se investir em expansão, não é isso?
Sem dúvida isso é uma realidade. Mas a nossa prioridade é a venda com qualidade. Para a rede e para o cliente final. O HB20 tem hoje o maior valor de revenda do mercado brasileiro.
A quais fatores o senhor atribui o sucesso do HB20?
Design é um deles. Quando prospectamos o mercado pensamos que o primeiro carro do brasileiro não precisava ser feio. E investimos num design moderno, diferente do que tinha aqui na época. Outro fator é o conteúdo. Lançamos o modelo com ar condicionado e ABS, dentre outros itens, o que era um diferencial quando chegamos. E não posso deixar de falar da qualidade. 100% dos nossos carros são testados diariamente em pista de 2,8 mil metros. E depois ainda passam por uma linha de inspeção.
A marca chegou ao País oferecendo garantia de cinco anos, período que vence agora em outubro para os primeiros veículos vendidos aqui. Isso pode favorecer a fidelidade ao concessionário?
Acreditamos que sim. Temos custo de manutenção competitivo e oferecemos o Quick Service, que garante revisões em 60 minutos. O salão de espera nesse contexto é muito importante. Acreditamos que o cliente Hyundai vai trocar seu carro por outro Hyundai. É o que chamamos de parceiros por vida. O Creta veio para oferecer mais espaço para quem tinha um HB20 e teve a família ampliada, por exemplo. Fomos os últimos a chegar no Brasil e sabíamos que precisávamos ser diferentes em tudo para não ser apenas mais um. E nosso diferencial envolve qualidade, conteúdo, design e assistência técnica.
Foto: Divulgação/Hyundai
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