A Volvo Cars tem afirmado, recorrentemente, que trabalha para que nenhum ocupante de seus automóveis saia ferido ou morra em colisões de trânsito já a partir de 2020.
A declaração parece pretensiosa, soar mais como um novo slogan para o já bem feito trabalho de imagem da marca, sempre cultuada como a criadora dos veículos mais seguros do mundo há quase seis décadas, desde que instalou o primeiro cinto de segurança de três pontos em um carro.
E pode até ser isso mesmo: um bom argumento para se falar ou escrever sobre a marca, coisa que estou fazendo agora. Lá na frente, vai saber – é bom deixar essa dúvida no ar! –, estará registrado que foi novamente a sempre zelosa Volvo, desde 2010 pertencente aos chineses da Geely, a primeira montadora a ter na mira o veículo OK.
Sim, veículo “oquei”. A expressão carrega muitas dúvidas sobre sua origem, mas talvez a versão mais conhecida, e aplicável neste caso, é a que remete à Guerra Civil dos Estados Unidos, quando os soldados incumbidos de contar as baixas nas tropas em um determinado dia registravam “0 killed”, ou seja, “zero morto”, se só houvessem feridos, já uma vitória naqueles tempos.
Os veículos Volvo, assim, seriam bem mais do que OK, já que nem mesmo feridos a empresa pretende contabilizar após qualquer colisão de suas futuras caixas-pretas sobre rodas mundo afora.
Mas seria mesmo apenas uma utopia a chegada a esse nível de segurança? Pouco importa. Já valem muito o discurso e a intenção da Volvo de buscar algo assim tão perto da perfeição. Até porque, como disse o sempre polêmico e genial Salvador Dalí, não se deve ter medo da perfeição porque nunca a atingiremos.
A segunda geração do Volvo XC60 é singela mostra de esforço nessa trajetória nada modesta. Nele, a segurança garantida pela profusão de dispositivos eletrônicos – vários atuando autonomamente sobre o volante – comuns nos produtos da marca, é acrescida de muitos outros cuidados mínimos, imperceptíveis pelo consumidor. Apenas um exemplo: as molas adotadas na parte posterior dos assentos dianteiros que atenuam pancadas verticais sobre a coluna do ocupante em caso de o veículo passar por um buraco.
Pode parecer pouco, mas é exatamente nessas pequenas pedras que se tropeça, e não nas grandes, facilmente identificáveis pelo caminho. Identificá-las e driblá-las constituem agora o ovo em pé de Colombo da indústria, óbvio como parece agora o próprio cinto de três pontos do engenheiro sueco Nils Bohlin, até hoje, apesar de simples, uma das mais importantes invenções para a segurança veicular. (George Guimarães)
Foto: Divulgação /Volvo Cars
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