Por Lael Costa
O senhor tem se mostrado otimista com as novas diretrizes que estão por vir com o Rota 2030. O que se pode esperar delas?
Acredito que seja a isonomia. Na concepção do Rota 2030 há participação de todos os atores da cadeia automotiva, como nós, importadores. Não tivemos essa oportunidade no Inovar-Auto que, se trouxe algum benefício, ficou restrito às montadoras instaladas no País. Agora temos uma discussão mais ampla, com importadores, distribuidores, autopeças e fabricantes discutindo o que queremos para o setor. Os últimos cinco anos, no caso dos importadores, se tornaram um longo e rigoroso inverno, mas que está para acabar. Ano que vem o Rota 2030 coloca um fim no regime de exceção de cotas, como também deixaremos de ser sobretaxados. Já somos penalizados com uma alíquota de importação de 35%, a maior possível. Quando o carro importado entra no Brasil e paga por isso, deveríamos brigar de igual para igual, sem mais uma trava que nos impeça de trazer mais veículos para o País.
Com o fim das cotas, o segmento de importados terá capacidade de se recuperar de uma queda que já acumula mais de 80% nos últimos cinco anos?
Não dá para sonhar com os 199 mil veículos importados vendidos em 2011, mesmo porque o dólar era outro, de R$ 1,60. Hoje, com o dólar a R$ 3,30 já dá para pensar em dobrar as vendas no ano que vem e chegar a 60 mil unidades.
O mesmo se pode esperar da Kia?
Sem dúvida. O mercado está represado. Hoje, falta produto para o concessionário Kia. Já cheguei no limite da cota e é inviável trazer mais carros além das 4,8 mil unidades e continuar sendo competitivo. Devemos fechar o ano com cerca de 10 mil veículos vendidos e alcançar os 20 mil em 2018. Com a paridade tributária tenho certeza de que a Kia voltará a ter força.
O desempenho esperado também promoverá alguma recuperação na rede?
Sim. Perdemos presença importante em algumas praças. Não custa lembrar que a Kia vendeu 80 mil veículos em 2011 com 180 lojas. Hoje temos 100 pontos. A realidade é que o concessionário está sem produto para vender. Por causa da cota não consigo colocar mais do que três, quatro carros por mês em cada concessionária.
Com a expectativa de vendas melhores pode-se esperar também novidades no portfólio da Kia no ano que vem?
Já estão certas a nova geração do Picanto e as versões hatch e sedã do Rio. Mas também pensamos em trazer um novo SUV compacto, o Optima GDI e o esportivo Stinger.
No ano passado, o Grupo Gandini decidiu interromper a operação da marca Geely no Brasil. Há possibilidade de retomar as importações com a nova realidade que virá o ano que vem?
O dólar, a fraca demanda e a impossibilidade de trazer outros modelos fora da cota foram os principais motivos para suspender a importação, que foi em comum acordo com a matriz chinesa. Não quero afirmar, mas quando o mercado voltar à normalidade, porque não voltar a trazer os carros da marca?
O senhor nunca escondeu sua vontade em ter uma fábrica Kia no País. Essa possibilidade ainda está no seu horizonte?
É realmente um sonho meu e não deu certo, apesar das minhas conversas com os coreanos. Chegamos a ver inclusive terreno em Salto (SP) para isso. Mas ponderando hoje, ainda bem que não deu certo ao considerar pelo o que passou o Brasil de lá para cá. Posso dizer que ainda é sonho.
Fotos: Kia/Divulgação
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