Segmento perdeu investimentos, produtos e agora tem participação de apenas 0,3% nas vendas
Por George Guimarães
Elas já tiveram seus dias de glória, foram desejadas por diversos públicos, eram vistas como funcionais, mas também agradavam jovens, que identificam nelas alguma esportividade. Hoje, quanta diferença! As station wagons são uma espécie em extinção no Brasil, quase não se fala mais delas, produtos e campanhas publicitárias sumiram e o intesse do público consumidor, também. Sem novos produtos, a tendência é de que apenas uma ou outra opção importada seja oferecida no mercado interno no futuro próximo.
Há algum bom tempo as vendas do segmento vêm minguando, já que as montadoras preferiram investir nos ávidos clientes de utilitários esportivos. Porém, de três anos para cá, com a explosão de oferta de SUVs nacionais e importados, o que era sofrível tornou-se insignificante. Os emplacamentos das conhecidas peruas agora são residuais.
De janeiro a agosto, por exemplo, foram negociadas no mercado interno apenas 3,6 mil unidades de todos os modelos ofertados, média de 450 veículos por mês. A participação das station wagons, assim, ficou em meros 0,3% do mercado de automóveis. No ano passado inteiro foram vendidas somente 11 mil unidades, ainda assim o dobro do que deverá ser registrado em 2017, caso a média mensal seja mantida no último trimestre.
Hoje o consumidor encontra no mercado apenas dois modelos médios — Fiat Weekend e Volkswagen Spacefox — e cinco grandes importados. Mas, a rigor, dois somente têm algum desempenho mercadológico digno de nota. A Fiat Palio Weekend somou 2,5 mil veículos nos oito primeiros meses do ano, 88% das vendas de station wagon médias, e a VW Golf Variant teve 475 licenciamentos, 77,3% do total do segmento de grandes. Ou seja, os dois modelos detiveram 80% do mercado interno.
Há uma década o quadro era bem diferente. Com mais de 96 mil unidades negociadas em 2007, as peruas respresentavam 5% das vendas de automóveis e o brasileiro podia optar por quinze modelos de oito marcas, sete deles nacionais. Carros como, por exemplo, Peugeot 206 SW, Toyota Fielder, Fiat Marea Weekend e Renault Megane.
Com exceção da Fiat, nenhuma dessas marcas tem mais produtos do gênero, nem mesmo importados. E a própria montadora italiana parece não estar muito animada em segurar a bandeira das station wagon praticamente sozinha. A empresa acaba de lançar o hatch Argo e no começo do ano que vem apresentará a versão sedã do modelo. Em momento algum cogitou fabricar uma station wagon derivada.
Algo impensável há vinte anos, quando era quase lei na indústria automotiva brasileira: um mesmo projeto era necessariamente base para um hatch, um sedã, uma picape e uma… station wagon! Basta lembrar das famílias do Fiat Palio, Volkswagen Gol ou Chervolet Corsa.
Sozinha – Sem uma eventual sucessora e com preços que variam de R$ 60 mil a mais de R$ 80 mil — faixa onde surgiram diversos SUVs compactos —, a Weekend não deve tardar para sair da linha de montagem da fábrica de Betim (MG) e entrar para a história como a station wagon mais importante da Fiat.
Lançado em 1997, o modelo dominou o segmento por mais de uma década, em especial a partir do surgimento de sua versão Adventure, uma espécie de pontapé inicial no gosto do brasileiro por carros mais altos e que resultou no enorme mercado atual de utilitários esportivos
Assim, restará no mercado brasileiro a VW Spacefox, produzida na Argentina e também — bem pouco — em São José dos Pinhais (PR), a responsável pelos outros 12% do atual segmento de station wagon médias. Fora ela e da própria Golf Variant, o consumidor poderá optar por Audi A4 Avant, Audi A6 Allroad, Volvo V60 e BMW 560, modelos que venderam, juntos, somente de 140 unidades de janeiro a agosto. É um pulso que pouco pulsa.
Fotos: Divulgação
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