Ao Volante

Tector Auto-Shift: conjunto bem-resolvido.

Recente lançamento da Iveco equipado com câmbio automatizado se mostra promissor para proporcionar resultados eficientes

Por Lael Costa

Até bem pouco tempo restrito aos caminhões pesados, de maior valor e destinados às aplicações de longas distâncias rodoviárias, os câmbios automatizados começam a se popularizar. O equipamento ganha força em outros segmentos do transporte rodoviário de carga, como na categoria de semipesados, veículos considerados versáteis por cumprir tanto as operações de distribuição de mercadorias nas cidades quanto nas rodovias.

A Iveco foi uma das mais recentes fabricantes a incorporar na sua linha de caminhões Tector a opção com transmissão automatizada. A empresa até que demorou com o lançamento, bem depois das concorrentes iniciarem a corrida, mas justifica dizendo que foi uma decisão cuidadosa, procurou antes entender o que tinha disponível no mercado para entregar um conjunto diferenciado, em nível superior ao que já é oferecido. Fez benchmark, como se costuma dizer no mundo corporativo.

Para a ponta final do consumo, o Tector Auto-Shift é oferecido em três configurações – 4×2, 6×2 e 8×2 – com capacidades para 17, 24 e 30 toneladas de PBT, Peso Bruto Total. Todas equipadas com motor da FPT de 300 cv e torque máximo de 1.050 Nm associado a uma caixa de câmbio automatizada da Eaton com 10 marchas. Segundo a fabricante, foi o desenvolvimento deste trem de força em parceria da fabricante de motores com a de transmissões que descola o produto da Iveco das outras ofertas rivais.

AutoIndústria teve oportunidade de conferir de perto as virtudes da novidade da Iveco em um trecho do Rodoanel na região do ABC, entre São Bernardo do Campo e Suzano (SP), a bordo da versão 240E30 6×2. O modelo, carregado com PBT de 23 toneladas, se mostrou bem-resolvido para entregar resultados para o transportador.

Diferentemente dos outros câmbios fornecidos pela própria Eaton a outras marcas de caminhões, como Ford e Volkswagen Caminhões e Ônibus, a parceira com a FPT proporcionou acrescentar funções extras capazes de garantir uma operação mais racional ao transportador.

O chamado Down Hill, por exemplo, numa condição de descida suave, sem o uso de freios, o sistema engrena a 10ª marcha automaticamente, mesmo que o motorista não pressione o pedal do acelerador. O motor passa a trabalhar em rotações mais baixa, influenciando na redução do consumo de combustível. Já o Power Auto funciona como um recurso overdrive, ao acionar o botão localizado na alavanca de câmbio por três segundos, as trocas de marcha passam a ser mais rápidas, o que proporciona agilidade para chegar mais rápido à velocidade de cruzeiro. Após 1 minuto a função é desabilitada automaticamente.

O motorista também pode contar com o Auto Cost. O recurso entra em ação quando o veículo estiver reduzindo as marchas e a velocidade em uma descida leve ou em trecho plano, ao chegar na 5ª marcha a transmissão aciona a embreagem automaticamente. A função é especialmente eficaz para transpor obstáculos, como quebra molas e valetas. Ao retomar a velocidade, a marcha correta será acionada sem prejuízo para o desempenho.

Otacir José Mendes da Cruz, motorista profissional de demonstração da Iveco, acredita que o câmbio automatizado é imbatível para reduzir custos, melhorar as médias de consumo, além de proporcionar mais conforto e segurança. “Tem muito caminhoneiro ainda resistente às novas tecnologias, com conceitos antigos. Mas ele precisa entender que a fábrica está oferecendo algo mais para melhorar o seu desempenho.”

Não há dúvidas a respeito do que os câmbios automatizados são capazes de oferecer mais benefícios tanto para o motorista quanto para os resultados das empresas de transporte. No trecho conferido por AutoIndústria, o motorista Cruz pode operar com mais atenção à rodovia, mais relaxado na direção, sem precisar se preocupar com as trocas de marcha mais adequadas a cada situação ou rotação do motor. “A tecnologia dos caminhões permite que o motorista chegue ao destino inteiro, menos cansado da viagem.”

Ajuda também a minimizar a fadiga uma boa cabine, pelo menos que seja espaçosa, suportada por sistema pneumático e com um posto de comando ergonômico, no qual o motorista tenha à disposição diversos ajustes na direção e no banco. Embora o habitáculo do Tector não entregue sofisticação, o ambiente é amplo, possui boa quantidade de porta-trecos, traz ar-condicionado e o acionamento é elétrico dos vidros e espelhos externos. Para o Tector a marca oferece cabines de teto baixo ou alto, sempre com leito.

Apenas como menção, pois não há como fazer uma comparação, de acordo com Cruz, nas demonstrações com clientes a bordo do mesmo conjunto experimentado por AutoIndústria, em viagens em torno de 200 km, entre a ida e a volta do litoral sul paulista, o Tector Auto-Shift tem feito média de 3,9 km/l. Parece ser razoável considerar um resultado promissor para uma operação com essa característica.


Fotos: Lael Costa e Iveco Divulgação

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Publicado por
Décio Costa

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