Por Redação
Após 32 dias de greve, os metalúrgicos da Chery, em Jacareí, SP, decidiram em assembleia na segunda-feira, 30, encerrar o movimento e acataram proposta da empresa de reajuste de 1,73% equivalente à inflação do período de doze meses encerrado em agosto. Em nota oficial, a empresa informou que por causa da paralisação deixou de produzir 700 automóveis em sua fábrica de Jacareí, no interior paulista.
A Chery não divulgou dados sobre suas vendas este ano, mas de acordo com balanço da Abeifa, a associação que reúne importadores e fabricantes de veículos no País, a empresa emplacou de janeiro a setembro 2.730 mil automóveis, dos quais a grande maioria – 2,3 mil – do modelo QQ, fabricado em Jacareí. Os demais foram dos modelos hatch e sedã do Celler, também com produção local, além de outros 23 importados.
Considerando o total vendido de janeiro a setembro, a média mensal de vendas da Chery no País é de apenas 303 unidades, menos da metade da produção que a empresa programava para os 32 dias de greve. No ano passado, no mesmo período de nove meses, a montadora havia comercializado 1.028 automóveis fabricados em Jacareí e 666 importados, ou seja, total de 1.694. Suas vendas, portanto, cresceram 61% no comparativo deste ano com o mesmo período de 2016.
A Chery inaugurou fábrica no Brasil – a primeira da marca fora da China – em 2014, exatamente quando começou uma das piores crises do mercado automotivo brasileiro. Foram três anos seguidos de queda nas vendas e só agora começa a haver reação do varejo, ainda assim em números bem aquém dos registrados em 2012 e 2013. A Chery anunciou na Bolsa de Valores da China, no mês passado, que queria vender pouco mais de 50% das suas operações brasileiras. Por aqui a empresa não faz qualquer comentário sobre o assunto.
Acordo – Além do reajuste de 1,73%, a Chery concordou com o pedido de manutenção do acordo coletivo e da garantia de estabilidade no emprego para os lesionados. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, a montadora também aceitou manter a proibição da terceirização irrestrita na fábrica.
Na nota oficial, a Chery garante ainda que durante todo o período da greve, de 28 de setembro a 30 de outubro, manteve aberta a negociação junto ao Sindicato e, mesmo com o fim da greve, vai manter as conversas com o órgão a fim de otimizar o acordo firmado.
A greve na Chery foi a mais longa da atual campanha salarial na base do sindicato (São José dos Campos, Jacareí, Caçapava, Igaratá e Santa Branca). Durante a paralisação, segundo a entidade, a montadora suspendeu de forma ilegal o pagamento de salários, o que levou os trabalhadores a realizar uma campanha para formação de um fundo de greve.
“Os metalúrgicos da Chery mostraram grande força durante todo período de paralisação. É claro que este não foi o melhor acordo, mas a renovação de todos os direitos foi certamente uma importante conquista neste momento em que as empresas estão de olho na reforma trabalhista para acabar com direitos dos trabalhadores”, disse Guirá Borba, diretor do sindicato. A Chery produz em Jacareí os modelos QQ e Celer e possui cerca de 400 trabalhadores, de acordo com o dirigente.
Foto: Divulgação/Chery
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