Por George Guimarães
Hoje terceira colocada, com 12,5% de participação, a Volkswagen não esconde o desejo de voltar ao topo do mercado brasileiro de automóveis e comerciais leves no curto prazo. Para acelerar essa trajetória de recuperação de espaço de forma mais intensa, apresentou o Novo Polo, que chega a partir desta semana nas revendas, e prepara o lançamento de sua versão sedã, o Virtus, para início de 2018. São dois produtos que objetivam diretamente o Chevrolet Onix e sua versão sedã, o Prisma.
Não sem motivo: o desempenho da General Motors, líder do mercado com quase 18% de participação no acumulado do ano, está diretamente ligado a esses dois modelos. Isso porque, somados, eles respondem por 65,5% das vendas da Chevrolet no Brasil em 2017.
Dos 282,8 mil veículos que a GM negociou aqui de janeiro a setembro, nada menos que 185,2 mil são Onix e Prisma, respectivamente primeiro e sexto colocados no ranking nacional de vendas. Somente do hatch foram negociadas 134,2 mil unidades, o equivalente a 43,5% do total da linha Chevrolet, que conta com catorze modelos de automóveis e comerciais leves, nacionais e importados.
Se fosse uma marca, “a Onix” seria a sétima mais vendida do mercado interno, colada na Toyota, que somou 138,1 mil veículos até setembro, e à frente da Renault, que já contabiliza boa ajuda do recém-lançado compacto Kwid para acumular 122,3 mil emplacamentos em nove meses.
Mas o excelente desempenho de vendas do Onix em particular desde 2015, quando assumiu a condição de carro mais vendido do Brasil, pode ser também a maior fraqueza da General Motors daqui para frente. A montadora é, entre as mais tradicionais fabricantes, a que mais dependente de um único modelo. A tal história de se ter quase todos os ovos no mesmo cesto cai bem no seu caso.
E os concorrentes diretos, apenas para ficar em exemplos recentes, sabem disso, tanto que, além da Volkswagen com o Novo Polo, a Fiat, segunda colocada com 214,2 mil veículos emplacados e participação de 13.6%, lançou o Argo e apresentará em breve sua versão sedã, já batizada de Cronos, novamente dois concorrentes absolutamente diretos de Onix e Prisma.
Situação assemelhada à da GM é a da Hyundai. O HB20, segundo colocado no ranking, e o sedã HB20S,são responsáveis por 69,5% das vendas da marca: 102,4 mil do total 147,3 mil veículos registrados até setembro.Só o hatch, com mais de 79,3 mil, representa 54% dos emplacamentos.
Mas a Hyundai é das empresas mais novatas do mercado e tem apenas dez modelos negociados aqui, dos quais quatro importados e nenhuma picape, enquanto as Chevrolet S10 e Montana ajudam a GM com mais de 11% das vendas.
Com oferta semelhante à da GM em número de modelos, mas vendas muito mais pulverizadas entre eles, os carros mais vendidos de Volkswagen e Fiat têm peso significativamente menores nos negócios das duas marcas. O Mobi, com 38,9 mil unidades emplacadas em nove meses, representa somente 18% das vendas da Fiat, enquanto o Gol respondeu por 28% dos emplacamentos da Volkswagen com 55,3 mil unidades no mesmo período.
E agora ? — No curtíssimo prazo — leia-se 2018 — , junto com a chegada de diversos novos concorrentes, Onix e Prisma têm ainda contra eles o peso da própria idade. No mercado desde, respectivamente, 2012 e 2103, os dois modelos marcaram o início da renovação total da linha Chevrolet no Brasil, movimento que incluiu, dentre outros, os lançamentos da minivan Spin, dos novos Cruze e picape S-10.
A montadora acaba de anunciar um novo ciclo de investimentos na fábrica de Gravataí (RS), onde são fabricados ambos, e em toda a operação brasileira. Boa parte dos recursos será obviamente destinada à atualização da atual gama, mas ainda assim os primeiros resultados práticos estarão nas revendas Chevrolet somente a partir de 2019.
É um hiato perigoso para quem não quer perder o lugar mais alto do mercado brasileiro. E a concorrência está de olho nesse interlúdio em que, de seu lado, ainda contará ainda com benefício de lançamentos recentes, sempre um grande apelo para o novidadeiro consumidor brasileiro.
Foto: Divulgação /GM
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