Por George Guimarães
Com direito à presença de jornalistas alemães,latino-americanos e de Jürgen Stackmann, membro do board mundial e responsável por vendas e marketing da marca, a Volkswagen apresentou nesta segunda-feira, em São Paulo, o Virtus, sedã médio que começa a ser produzido em breve em São Bernardo do Campo (SP) e que chega às concessionárias brasileiras em janeiro do ano que vem.
A presença de um executivo de sua mais alta instância mundial em evento aqui é um bom indicador das pretensões e expectativas que a montadora deposita sobre o novo produto, na verdade a versão com porta-malas saliente do Novo Polo, modelo que acaba de chegar ao mercado como o mais moderno e seguro produto fabricado pela VW no Brasil ao longo de suas mais de seis décadas aqui.
A Volkswagen batizou o encontro de avant-première mundial, já que se trata da primeira aparição do modelo, que não será produzido na Europa, onde o Novo Polo foi lançado apenas dois meses antes de seu irmão brasileiro. O novo carro, justifica a montadora, foi desenhado no Brasil, mas seu projeto procurou responder também a anseios e características de demais mercados latino-americanos. A empresa, contudo, antecipa que numa segunda etapa ele poderá cruzar o oceano e desembarcar em destinos africanos e até mesmo na Oceania.
O Virtus obedece assim, conforme afirma Stackmann, as diretrizes da primeira fase do plano mundial da montadora que vai até 2020 e estipula foco regional das ações, modernização de toda a linha, forte avanço no segmento de SUVs e postura mais agressiva em mercados-chave. “Estamos trabalhando em 57 projetos de veículos em todo o mundo para este período”, exemplifica o executivo, que chegou a São Paulo apenas 3 horas antes do evento e retornaria ainda na segunda-feira para a Alemanha.
Produção local — A segunda fase das ações globais da montadora, antecipa Stackmann, envolverá, a partir de 2021 sobretudo a eletrificação, com o lançamento já confirmado de uma família completa de veículos elétricos. A empresa espera vender 1 milhão de veículos anualmente com a tecnologia já na primeira metade da próxima década. Inclusive na América do Sul: “A eletrificação na América Latina será muito rápida! Logo depois da Europa e Estados Unidos”.
Ante disso, porém, os executivos da região batizada de SAM, que engloba os países da América do Sul, Central e Caribe — total de 29 mercados com mercado somado de 4,4 milhões de veículos —, estarão preocupados em desenvolver e produzir até o fim desta década 20 novos modelos, treze deles fabricados no Brasil.
Um deles, já confirmado, é o utilitário esportivo T-Cross, que sairá da fábrica de São José dos Pinhais (PR). Outro SUV que estará nas ruas brasileiras no primeiro trimestre do ano que vem é o importado Tiguan, que chegará somente na sua versão estendida, a LWB, para sete ocupantes.
Como toda essa responsabilidade produtiva, a montadora já reservou para suas quatro plantas brasileiras perto R$ 7 bilhões em investimentos — R$ 2,6 bilhões somente para a unidade da Anchieta. Para a operação argentina, que produzirá outros dois modelos até 2020, a empresa acaba de anunciar recursos de US$ 650 milhões.
Um milhão ao ano — Pablo Di Sí, presidente e CEO da Região América do Sul e Brasil, diz que não só o Brasil — mercado para o qual estima 2,5 milhões de unidades já em 2018, uns 10% a mais do que neste ano — mas vários mercados da região sinalizam recuperação e crescimento no curto prazo, o que justificaria os investimentos em desenvolvimento, estrutura e, em especial, produtos. A SAM é a divisão da montadora que mais cresce este ano, nada menos do 27% no acumulado até outubro.
Em 2020, revela Di Sí, a Volkswagen pretende atingir vendas anuais da ordem de 1 milhão de veículos na região e esbarrar em 800 mil unidades produzidas anualmente no Brasil. Com esses números, a montadora espera ver reconquistada a histórica liderança que teve durante quatro décadas no mercado brasileiro, passando do atual patamar de 12% para 16% ou até 17% daqui três anos, manter o primeiro lugar na Argentina e ver crescer substancialmente as tímidas participações em outros mercados, como no Peru, Colômbia e Chile.
A ideia é figurar entre as empresas líderes em qualquer desses mercados, em especial no Brasil, responsável por mais da metade dos automóveis e comerciais leves negociados na região. “Vamos recuperar o tempo perdido no Brasil”, enfatiza Di Sí, para quem a economia do País descolou de vez dos problemas políticos. Ele cita a queda da inflação, da taxa de juros, o aumento do crédito e da confiança do consumidor como sinais claros de um ciclo mais favorável à atividade econômica e, naturalmente, à venda de automóveis.
Mais capacidade produtiva então? Não. Segundo o executivo, a Volkswagen está ajustada ao tamanho do mercado em mão-de-obra e infraestrutura. A ociosidade ainda impera em algumas áreas das linhas de montagem.
Fotos: Divulgação
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