Ao Volante

Você já dirigiu um Corolla? Então dirija.

Sedã líder de vendas no mercado brasileiro sintetiza o jeito Toyota de produzir, vender e atender

Por George Guimarães

“Você já foi à Bahia? Não? Então vá!’ Com todo respeito a Dorival Caymmi, autor dessa música,  cabe aqui a singela paródia: “Você já dirigiu um Corolla? Não? Então dirija”.

A brincadeira com a canção do “bom baiano”  talvez  seja a melhor maneira de responder a recorrente dúvida sobre o porquê  de o sedã da Toyota desfrutar de tanto prestígio e ter desempenho de vendas sem parapelo no segmento e muito superior aos de modelos muito mais baratos.

Quem quiser ter um Corolla precisa desembolsar, no mínimo, R$ 92,7 mil, valor da versão mais barata. Mas a opção que mais vende, a XEi, custa a partir de R$ 105 mil e a Altis, topo da linha, não sai por menos de R$ 118 mil.

Ainda assim, já são 58 mil unidades negociadas no acumulado do ano até outubro, o que o coloca na sétima posição no ranking dos automóveis mais vendidos do País, disputado por centenas. À frente dele, na sexta posição, está o Chevrolet Prisma, apenas 3,1 mil unidades vendidas a mais,  e acima  de ambos outros cinco compactos.

Motivado por esse desempenho mercadológico inconteste há anos, AutoIndústria resolveu  (re) avaliar o sedã para tentar apurar algumas razões objetivas  que o colocam, costumeiramente,  no topo da fidelização de clientes e dos índices de satisfação colhidos anualmente por consultorias independentes.

Por fora, claro, o modelo ganhou muito em estilo com a atual geração, a 13a  no mundo,  mas que já está ingressando em seu quarto ano no mercado brasileiro. Apesar disso, segue com um desenho mais conservador do que a maioria de seus concorrentes diretos, em particular o  Honda Civic, oponente de décadas que não de agora partiu para traços  muito mais esportivos.

Bem, então, pode se deduzir que o consumidor do Corolla deve gostar mesmo da sobriedade e discrição. E tanto que encontra essa mesma receita no interior. Andamos na versão Altis — a  mais sofisticada —, e  até mesmo nela o minimalismo é a tônica.  Predominam as linhas retas no painel e portas. De curvas, quase nada.  Elementos estéticos e informações visuais, apenas os estritamente necessários.

 

O quadro de instrumentos, a rigor, poderia estar presente, sem qualquer estranhismo na época, em um modelo bem acabado de dez anos atrás. Tudo, porém, está no lugar mais adequado, de forma intuitiva e funciona. E, no caso da Altis,  os revestimentos e acabamentos são de ótimo nível, mas, novamente, não colocam em cheque o senso comum.

A Altis, assim como a intermediária versão XEi, tem o motor 2.0 de 153 cavalos de potência. A trasmissão é  CVT, com acionamento também por paddle shift. Um botão no console central permite optar por uma condução mais esportiva, recurso que deve ser ignorado pela maioria dos proprietários, admiradores que devem ser por um automóvel de passeio, como se diz. O conjunto é eficiente para a proposta de um sedã grande.

De fato, aliado à sensação de robustez e aos muitos recursos de segurança, esse é um traço importante do perfil do modelo, que  ganhou dimensões maiores a cada geração e, na atual,  tem porte assemelhado ao do irmão maior, o importado Camry, de tempos passados. Agora são 2,70 metros de entre-eixos, distância mais que suficiente para  que cinco ocupantes se acomodem confortavelmente.

Bom de guiar, espaçoso, muito confortável e atual sem ser arrojado. De qualquer maneira, só estas características técnicas parecem insuficientes para justificar o perene fluxo de clientes nas lojas desde sua chegada aqui, como importado em 1991, e principalmente depois de começar a ser produzido em Indaiatuba (SP), em 1998. Tem muito mais por trás dessa atratividade.

Com uma produção sempre ajustada à demanda do mercado — o que evita, lá na ponta, o aviltamento dos preços dos novos e, sobretudo,  dos usados, mantendo assim o valor de revenda  elevado —  e processos que asseguram qualidade na produção, distribuição e nos serviços de pós-venda, a Toyota fez do Corolla, na verdade, um garoto-propaganda de um sistema, síntese de suas capacitações.

E os concorrentes que tratem de se aprumar mais uma vez . E rápido! Pois a Toyota não vai mudar seu jeito de ser, mas sim renovar esse cartão de visitas. Mais tardar em 2019, chega a nova geração do Corolla sobre a moderna plataforma global TNGA (Toyota New Global Architecture) e, pelo que já se viu mundo afora, com uma carroceria bem mais ousada. Claro, dentro do que se possa compreender por ousado no universo pé ante pé da Toyota e que os consumidores que dirigem um Corolla conhecem tão bem. Ah, você não sabe o porquê? Então dirija!


Fotos: Divulgação

 

 

 

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George Guimarães

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