As informações preliminares de que o governo brasileiro, por meio do Rota 2030, exigirá ainda mais eficiência energética dos veículos que rodarão no País já fazem brilhar os olhos de algumas empresas fornecedoras que têm lá fora produtos e tecnologias que colaboram com esses índices. Uma delas é a SEG Automotive, empresa do grupo chinês ZMJ, Zhengzhou Coal Mining Machinery.
A SEG admite que estuda e, mais ainda, já mantém algumas tratativas com fabricantes de veículos, para oferecer, no Brasil, seu Boost Recuperation Machine, usualmente conhecido pela sigla BRM. Posicionado na correia de transmissão, substituindo o alternador de 12 volts, o dispositivo acumula energia gerada na frenagem e, por meio de um sistema elétrico de 48 volts, a utiliza para agregar torque adicional nas ultrapassagens ou mesmo movimentar o carro eletricamente até 15 km/h.
Outras duas vantagens: o veículo dotado com o BRM pode alternar para o modo planar (coasting), permitindo a condução com o motor a combustão desligado em velocidades superiores a 100 km/h, e permite operações de start-stop extremamente suaves.
Ou seja, trata-se de uma solução tecnológica barata que pode ser adotada em qualquer veículo e, de certa forma, o torna um híbrido em diversas circustâncias.
Obviamente, com a clara virtude de economizar combustível — seja gasolina, diesel ou etanol — e, por decorrência, reduzir as emissões. A SEG calcula que a adoção do BRM pode reduzir o consumo de combustível e, consequentemente, as emissões de CO2 , em até 15%.
Cairia, assim, como uma luva para as montadoras que, sabidamente, devem ter maiores dificuldades para melhorar novamente em cerca de 12% a eficiência dos veículos para o mercado interno, índice aguardado pelo setor como provável desafio do Rota 2030.
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Origem há um século — O nome SEG pode ser desconhecido para boa parte do mercado, mas a empresa tem entre seus clientes a quase totalidade das montadoras e, na verdade, cem anos de história e pedigree para lá de recomendável: é a antiga divisão de motores de partida e alternadores da Bosch, a SG, que, oficialmente, separou-se da empresa alemã este mês.
No entanto, já há cerca de dois anos o processo de transferência entre as controladoras vinha sendo encaminhado. Tanto que a sede e unidade industrial da empresa aqui migraram do complexo da Bosch em Campinas (SP) para a vizinha Itupeva no fim de 2016. Já então atuava como uma subsidiária independente do grupo alemão, que manifestara sua intenção de abrir mão da divisão em meados de 2015.
A transação entre os grupos alemão e chinês envolveu as dezesseis operações em todo o mundo, estrutura que conta com aproximadamente 8 mil funcionários — mais de quinhentos só no Brasil. Segundo comunicado sobre a conclusão da venda, a SEG seguirá sua “jornada em direção à eletromobilidade, que começou com o desenvolvimento do BRM”.
O próprio nome SEG reforça essa disposição: soma as letras S e G (iniciais de starter motors e generator), com um E de “Components for Electrification”.
Humberto Gavinelli, diretor de vendas e marketing da SEG no Brasil, diz que a importação ou produção do BRM no Brasil naturalmente dependerá da demanda.
“No Brasil, para novos produtos como o BRM, geralmente iniciamos a operação importando e, assim que os volumes aumentam, viabiliza-se a produção local. Existe grande interesse pelo BRM no Brasil e já iniciamos o pré-desenvolvimento com algumas montadoras”, admite Gavinelli, que, entretanto, prefere não antecipar os clientes envolvidos no projeto nem mesmo prazos imaginados para a chegada da tecnologia nos carros nacionais.
Apresentado em 2013, por enquanto é ofertado nos mercados mais desenvolvidos para veículos do segmento de luxo e também em veículos elétricos leves, como scooters, neste caso atuando como o motor principal.
Foto: Divulgação/ SEG
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