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Ketter: “Não tem o que vai segurar a FCA”.

O presidente para a América Latina fala do lançamento do Fiat Cronos e do fortalecimento da empresa na região

Por Alzira Rodrigues

Com o lançamento do sedã Cronos, a FCA, Fiat Chrysler Automobiles, completa ciclo de investimento que contemplou a nova fábrica da Jeep em Goiana (PE), a modernização das unidades industriais de Betim  (MG) e Córdoba,  na Argentina, e o lançamento de sete novos modelos na região.

O presidente do grupo para a América Latina, Stefan Ketter, não revela o que vem pela frente. “Vivemos o maior período de transformação da FCA, somos agora multimodelos, multimarcas. É um círculo virtuoso que se fecha e estamos preparando o próximo. Mas é igual novela: os próximos capítulos não vamos revelar”.

A FCA atingiu equilíbrio em suas operações na região já em 2016, teve resultado positivo em 2017 e se prepara para continuar investindo por aqui. “Não tem o que vai segurar a FCA”, garante o executivo em entrevista concedida na quarta-feira, 7, por ocasião do lançamento do Cronos na fábrica de Córdoba, onde o modelo está sendo produzido para abastecer toda a América Latina.

Qual a importância do lançamento do Cronos para a Fiat e para as suas operações na Argentina?

O governo do presidente Mauricio Macri está muito focado no business, a economia argentina está começando a se reerguer e o mercado de veículos local deve atingir 910 mil unidades já este ano. Nós da FCA decidimos participar dessa nova fase de industrialização do país, investindo na modernização da nossa fábrica e na produção lá de um modelo novo. É o primeiro carro totalmente novo que produzimos na Argentina. Foi muita coragem da nossa parte decidir por esse investimento num momento em que a região estava em crise.

Qual será a capacidade de produção do novo modelo?

Serão 120 mil unidades anuais, das quais dois terços serão exportados. Boa parte para o Brasil. O seu índice de conteúdo local é de 53% e já nos próximos meses subirá para 55%. Considerando o Mercosul, o conteúdo local atinge 90%.

Como o senhor define o Cronos?

As primeiras impressões sobre o modelo, que concorre no segmento de sedãs compactos, são altamente positivas. Bom design, boa dirigibilidade, um projeto muito interessante. E ele chega no momento justo. Os dois mercados estão crescendo e queremos ganhar participação. O Brasil será o seu principal destino.

Como foi a preparação da fábrica para receber o novo modelo?

Foi um projeto completo de modernização, similar ao que implantamos na fábrica da Jeep em Pernambuco e também na de Betim, em Minas Gerais. Córdoba é um espelho do que fizemos no Brasil. São 195 robôs e 90% de automatização. E usamos na Argentina o mesmo método de capacitação de Pernambuco, contando hoje com uma mão de obra altamente qualificada.

O Cronos atraiu novos fornecedores para a Argentina?

Temos lá, agora, 70 fornecedores, dos quais 60 em Córdoba. Atraímos quatro novos fornecedores que já operavam com a FCA na fábrica da Jeep. Eles começaram a confiar. Viram que deu certo em Pernambuco e decidiram nos acompanhar no novo projeto.

Quando começam as vendas do Cronos?

Na semana que vem o modelo chega na rede de concessionárias da Argentina e no final do mês no Brasil.

Qual participação a Fiat quer ganhar a partir do lançamento do Cronos?

O market share não faz uma empresa sustentável. Somos líderes em vários segmentos, como o de SUVs, comerciais leves e picapes. A FCA é multimarca e multimodelo. Ser monomarca não é uma estratégia sustentável. A Fiat fará o seu caminho. O importante para a FCA é que a Fiat seja uma marca de valor para o consumidor, seja uma marca mais atrativa. E estamos fazendo um trabalho consistente nesse sentido. O sucesso virá automaticamente. As duas marcas têm de ganhar – Fiat e Jeep.

Com produtos de maior valor agregado a FCA passou a ter lucro na região?

Em 2016 tivemos resultado melhor que zero e em 2017 resultados muito interessantes. E isso em período de crise, em anos que estão entre os piores da indústria automotiva na região. Não tem o que vai segurar a FCA. Somos a empresa mais bem posicionada, a que mais investiu por aqui. Foram sete novos modelos nos últimos três anos (Jeep Renegade, Jeep Compass, Fiat Toro, Mobi, Argo, Ducato e Cronos). Estamos muito bem posicionados para acompanhar o crescimento do mercado.

O senhor acredita que com a volta do crescimento possa haver problemas com fornecimento de peças?

Não vejo problema algum com fornecimento. Já no ano passando alguns fornecedores alcançaram patamares inimagináveis. Se houver falta de peças vai ser problema de gestão.

O senhor acredita que um dia teremos uma legislação comum no Brasil e na Argentina na área automotiva?

Como o Cronos foi desenvolvido para os dois mercados, ele é igual para os dois países. Inclusive o motor flex. Acho que a Argentina quer fortalecer a parceria com o Brasil, caminhar para o mercado livre. No Brasil teremos o Rota 2030, com regras claras para o futuro. Há grande interesse da Argentina em fazer o mesmo. O Rota 2030 é extraordinário, já está pronto e deve sair logo após a reforma da Previdência. Vontade da parte do governo existe.

Foram sete novos modelos nos últimos anos. O que virá pela frente? A marca Fiat terá um SUV?

Com o Cronos estamos encerrando um ciclo de investimentos. Vivemos o maior período de transformação da FCA, somos agora multimodelos, multimarcas. É um círculo virtuoso que se fecha e estamos preparando o próximo. Mas é igual novela: os próximos capítulos não vamos revelar.


Foto: Divulgação/FCA

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Alzira Rodrigues

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