Por Décio Costa | decio@autoindustria.com.br
A alteração no Código de Trânsito Brasileiro que regulamentou configuração de ônibus 8×2 com carroceria double deck de 15 metros de comprimento ocorrida no ano passado, estimulou o início de uma mudança na demanda dos frotistas e estabeleceu novas perspectivas para a indústria de veículos comerciais.
Silvio Munhoz, diretor de vendas de ônibus da Scania, acredita que alteração será responsável por boa parte do crescimento de 10% nas vendas de ônibus rodoviários em 2018.
“A nova solução tem impulsionado uma tendência. Para garantir mais rentabilidades em suas operações, os empresários estão migrando de modelos 6×2 para 4×2 e substituindo os 6×2 para 8×2, configuração capaz de transportar mais pessoas por viagem com importante redução de custos.”
A nova tipologia de ônibus, segundo Munhoz, chegou a representar 40% das vendas da fabricante no ano passado, período no qual a Scania obteve alta de 78,2% nas vendas de chassis, com 522 unidades entregues. O resultado foi o maior dentre as fabricantes de ônibus, de acordo com os números da Anfavea.
“Em 2018, o crescimento do mercado rodoviário deverá continuar e, certamente, acreditamos na força dele e porque também temos um produto diferenciado por um salão de passageiros maior.”
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Diferentemente do segmento rodoviário, em 2018 as vendas de ônibus para aplicações urbanas deverão “andar de lado”, conforme acredita Munhoz, ressaltando a decisão dos empresários em postergar uma renovação da frota de ônibus das cidades.
“Os governos estão com finanças desequilibradas sem ter de onde tirar para subsídios como também não há ambiente para aumento de tarifas. O passageiro não quer mais.”
Ainda assim, o diretor da Scania enxerga algumas possibilidades de negócios pontuais. Acompanhar de perto o processo de licitação que definirá os novos operadores de transporte público em São Paulo, oportunidade de envolve contrato de renovação de 28 mil veículos ao longo de 20 anos, e a possibilidade de contribuir com a renovação dos veículos do sistema de BRT de Curitiba (PR).
No primeiro caso, a fabricante aposta nos argumentos de modelo movido a GNV ou bimetano com o objetivo de proporcionar um transporte de mais limpo e sustentável. Os veículos emitem até 85% de contaminantes, se rodando com biometano, ou até 70%, se com gás natural, além de garantirem potencial de custos operacionais 28% menores.
“Trata-se de uma solução pronta para ganhar as ruas, mesmo porque a rede de tubulação de gás já cobre 85% da cidade de São Paulo. Diferentemente do passado, o combustível já está na porta da garagem dos operadores.”
Na capital paranaense, o recém-lançado biarticulado F 360 HA se encontra em fase de homologação pela gerenciadores do transporte público local, a Urbs (Urbanização de Curitiba S.A.). Desde janeiro, uma unidade do modelo opera no sistema a fim de provar sua eficiência.
“Os resultados já se mostram favoráveis. Tudo leva a crer que o veículo já estará disponível para compras no segundo semestre para começar a rodar em 2019”, revela o diretor de vendas
O F 360 HA possui 28 metros de comprimento e transporta 270 passageiros. O motor dianteiro é um dos seus maiores diferenciais, pois privilegia o salão interno. Segundo Munhoz, o projeto contou com parceria das encarroçadoras com o objetivo de melhorar os isolamentos térmicos e acústicos. “Conseguimos garantir que as condições internas de conforto desse veículo sejam as mesmas dos modelos que têm motor traseiro.”
Foto: Scania/Divulgação
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