A grande festa
No grande dia, tinham horário marcado no salão do bairro, no meio da tarde, para não correrem o risco de se atrasarem. Ficaram lindas. Maquiadas, cabelo com laquê e o seu insuportável cheiro. Mas deixava o cabelo armado até o dia seguinte. Dizem os caras altos, que viam por cima, que tinha Bom Bril dando corpo ao penteado. Estou entre esses e era verdade: Bom Bril na cabeça.
Na casa de Laíde, de onde sairiam, falavam sem parar dos “pães” que estariam na festa. E dos indesejáveis também, aquelas caras que viviam fungando no pescoço das moças, forçavam dançar de rosto colado e outras coisas também coladas.
– Não danço com fulano. Mas se sicrano me tirar, me atiro nos braços deles. Era o pensamento geral.
Nenhum dos pais tinha carro. Por isso, um táxi foi contrato com o “seo” Elias para levá-las até o clube onde a amiga comemoraria seus 15 anos. Perto da hora da partida, aparece o motorista do táxi com a mais terrível notícia que as moças tinham ouvido: o carro quebrara ali perto. Falta de manutenção, certamente!
Antes que desabassem em choro, as três ouviram da sempre otimista Laíde que não era problema, que resolveria tudo.
Saiu de casa, atravessou a rua, bateu à porta do “seo” Shiro, explicou o drama/problema. O gentil tintureiro, que atendia a todo o bairro, pediu uns minutos e voltou com as chaves na mão.
– Vamos lá! Só não tem onde sentar.
E lá se foram, Laíde, Isabel e Maria Rosa na Kombi da tinturaria, de pé, penduradas no varal, como se fossem as roupas da tinturaria.
E estavam todas muito felizes, porque chegaram ao clube com seus vestidos sem um amassadinho que fosse.
Valeu o otimismo.
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