Por George Guimarães, de São José dos Pinhais | george@autoindustria.com.br
A Renault inaugurou nesta terça-feira, 6 de março, a CIA, Curitiba Injeção de Alumínio, sua quarta unidade industrial em São José dos Pinhais (PR), que já conta com fábricas de automóveis, comerciais leves e motores.
A planta dedicada à produção de cabeçotes e blocos de motores consumiu R$ 350 milhões dos R$ 750 milhões de recursos anunciados pela montadora em agosto do ano passado. São 14 mil m2 de área construída, que abrigam inicialmente cem funcionários em dois turnos de trabalho.
Os R$ 400 milhões restantes do programa, que conclui ciclo de investimentos de R$ 3 bilhões nos últimos sete anos, serão aplicados na ampliação da planta de motores, obras que serão concluídas ainda no transcorrer de 2018 e que devem ampliar a capacidade para 600 mil unidades — produziu 280 mil em 2017.
O chamado Complexo Ayrton Senna, assim, entra para a história do conglomerado francês como o primeiro centro produtivo a deter uma unidade dedicada à injeção de cabeçotes de alumínio em todo o mundo. Inicialmente, apenas para os motores. 1.6 SCe, lançados no encerramento de 2016.
O 1.6 SCe equipa hoje Sandero, Logan, Duster, Oroch e Captur e respondeu por cerca de 60% dos veículos fabricados no Paraná em 2017. A capacidade instalada anual da CIA é de 500 mil peças em quatro turnos, produtos que substituirão os blocos de motores e cabeçotes que a Renault vinha importando do Japão.
Luiz Pedrucci, presidente da montadora no Brasil, diz que produzir blocos e cabeçotes para o 1.0 Sce, responsável pelos outros 40% da fábrica de motores, é ainda apenas uma possibilidade em estudo.
O executivo comenta que uma definição, assim como o próprio novo ciclo de investimento do Grupo Renault no Brasil, dependerá da aprovação e do que contiver o Rota 2030, o aguardado e adiado várias vezes programa governamental para o setor automotivo.
“Temos tecnologias e produtos para trazer, mas precisamos de definição e clareza das regras. Não podemos agora arriscar em tomar o caminho A e depois decidirem pelo caminho B”, diz o executivo, que enfatiza que a montatodar conta com o RTA, Renault Tecnologia Américas, área em São José dos Pinhais onde trabalham mais de 1 mil engenheiros.
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O presidente da Renault inclusive aproveitou, em discurso, para cutucar o Ministro da Indústria, Serviço e Comércio Exterior, Marcos Jorge de Lima, presente na solenidade de inauguração da CIA, sobre algum novidade com relação à divulgação ou não do plano governamental. Ouviu tão somente do titular da pasta, ao lado de centenas de convidados: “Infelizmente, não tenho todas respostas”.
No ano passado, saíram das linhas de montagem paranaenses pouco mais de 250 mil veículos de passeio, recorde histórico em duas décadas. A marca deteve 7,7% de participação nas vendas internas e persegue, declaradamente, o objetivo de atingir 10% até 2022.
Pedrucci entende que com os novos produtos apresentados nos últimos dois anos, Captur e Kwid em particular, mais a nova unidade de injeção de blocos e cabeçotes e a ampliação da fábrica de motores, que já exporta 40% de sua produção, a Renault está preparada para a retomada do mercado interno e crescimento dos países vizinhos, como Argentina e Colômbia, dois importantes destinos da operação brasileira.
Aniversário – São José dos Pinhais completará no segundo semestre 20 anos de produção. Nesse período, já foram fabricados mais de 2,8 milhões de veículos, perto de 30% exportados, e 3,8 milhões de motores.
No fim do ano passado, com a chegada do compacto Kwid, carro mais vendido da marca no primeiro bimestre, a empresa adotou o terceiro turno de trabalho e contratou mais 1,3 mil funcionários, que se somaram ao quadro de 5 mil pessoas até então. A fábrica de veículos de passeio pode produzir desde então 60 veículos por hora e a capacidade anual do complexo já é de 320 mil unidades.
Fotos: Divulgação/Renault
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