Por Redação | autoindustria@autoindustria.com.br

A Gandini Participações e Representações decidiu não retomar as atividades de importação e de distribuição da chinesa Geely para o mercado brasileiro, concentrando seus esforços e investimentos na Kia Motors do Brasil, cuja marca representa há mais de 26 anos ininterruptos.

“Entendemos que depois de um longo período de paralisação do setor de veículos importados e, agora, renascendo sem a trava de 4,8 mil carros anuais imposta pelo programa Inovar-Auto, precisamos direcionar todos os nossos esforços na Kia Motors do Brasil, marca que já está consolidada e reconhecida pelos consumidores brasileiros”, argumenta José Luiz Gandini, presidente do Grupo Gandini.

EC2: em 2014, preço de nacional de entrada e bem mais equipado.

Os últimos carros da Geely foram vendidos no Brasil em 2016, após dois anos do início da operação comandada por Gandini e que optou por trazer apenas dois modelos fabricados em regime de CKD no Uruguai. No total, a frota circulante de veículos da montadora chinesa no Brasil é da ordem de 1 mil unidades do compacto GC2 e do sedã EC7.

O primeiro, um hatch, custava o equivalente aos carros nacionais de entrada, como o Fiat Uno e VW Up, mas já em 2014 dispunha de motor de três cilindros, solução técnica que passou a ser comum na maioria dos veículos de entrada depois.

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Com a decisão do Grupo Gandini, a marca Geely deixa também de ser associada da Abeifa, Associação Brasileria das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores.

O próprio Gandini, que também preside a entidade, já afirmara que mesmo com o fim das cotas e dos 30 pontos adicionais de IPI impostos pelo Inovar-Auto, dificilmente os importadores independentes teriam condições de disputar em pé de igualdade os segmentos de maiores volumes de vendas novamente. “Eles devem atuar mesmo nos nichos de mercado”, diz.

O empresário avalia que a cotação do dólar, na faixa dos R$ 3,20, já é suficiente para deixar os carros nacionais compactos muito mais competitivos do que os importados do mesmo segmento. E os próprios nacionais, admite Gandini, também evoluíram no que se refere ao nível de conteúdos de conforto e segurança.

Há quatro anos, quando os primeiros GC2  chegaram por aqui, o quadro era bem outro.  O hatch da Geely dispunha de  pacote de itens de série bastante superior ao dos concorrentes nacionais da mesma faixa de preço, com itens como ar-condicionado, direção hidráulica, vidros e travas elétricos e até sensor de ré e faróis de neblina.

Pelas próprias mãos? A decisão do Grupo Gandini não quer dizer necessariamente que a Geely — gigante conglomerado dono da Volvo Cars, da Lotus e que este ano comprou 10% da Daimler — não terá mais seus produtos oferecidos para o consumidor brasileiro.

Pelo contrário, a julgar pelos rumores no mercado, a empresa, que agora investe muito em utilitários esportivos, segmento crescente em todo o mundo e em especial no Brasil, pode vir a estar ainda mais presente num futuro nem tão distante.

Em entrevista ao site AutoEsporte em meados do ano passado, o  diretor comercial da Geely na América Latina, Michael Gao, não descartou uma operação própria no Brasil, a exemplo do que ocorreu na Argentina, com importações novamente do Uruguai ou diretamente da China. A conferir.


Foto: Divulgação/Geely

Alzira Rodrigues
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