Por Alzira Rodrigues | alzira@autoindustria.com.br

Todos os presidente das montadoras aqui instaladas já tinham recebido convite para a reunião de quinta-feira desta semana, 12, em Brasília, com o presidente Michel Temer e outras autoridades. A expectativa de que na ocasião seria finalmente divulgado o Rota 2030 era grande. Mas mais um vez o anúncio da tão esperada política setorial automotiva foi postergado. A nova data, agora, é 24 de abril, uma terça-feira. O horário ainda é uma incógnita.

Na terça-feira, 9, por ocasião do lançamento da Tiguan Allspace, o presidente e CEO da Volkswagen América do Sul e Brasil, Pablo Di Si, confirmou que tinha recebido o convite para o encontro do dia 12. E disse que estaria lá. Mas prudentemente não quis comentar se tinha confirmação quanto à divulgação do programa em tal encontro.

Sobre a importância do Rota 2030 para o setor automotivo brasileiro, Di Si reafirmou que a Volkswagen não mexeria em seu investimento de R$ 7 bilhões no País. Mas destacou que se o programa não sair o Brasil pode perder conhecimento: “Pesquisa e desenvolvimento nós tanto podemos realizar aqui como comprar lá fora. Com o Inovar-Auto nós avançamos nessa área. Minha preocupação é que o conhecimento não fique aqui”.

Dados divulgados por fonte do setor dão conta que a partir de incentivos de R$ 7,5 bilhões concedidos pelo governo no Inovar-Auto, as montadoras geraram investimento de R$ 25 bilhões em P&D. Também segundo fontes do setor, o governo adiou a reunião do dia 12 por causa das mudanças em seu Ministério, provocadas pela saída de ministros que vão concorrer na eleição de outubro. O novo titular da Fazenda teria pedido um tempo para se inteirar mais do programa automotivo.

A reunião que seria dia 12 e agora acontecerá dia 24 reunirá não só Anfavea e os presidentes de montadoras, mas também representantes do Sindipeças e Abeifa. Apesar de o encontro com o presidente da República ter sido remarcado, não há garantia – assim como não havia em relação ao dia 12 – de que na oportunidade será efetivamente divulgado o Rota 2030. A princípio o convite é apenas para uma reunião com o setor.

De acordo com Paulo Cardamone, Chief Strategy Officer da Bright Consulting, a Medida Provisória do Rota 2030 está desenhada pelo MDIC, Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, faltando apenas alguns ajustes finos com relação a metas mais robustas de eficiência energética e segurança veicular, assim como o alinhamento dos incentivos à P&D, ainda em discussão.

Desde dezembro a Bright Consulting é responsável pela coordenação de atividades de consultoria ao MDIC, que passou a utilizar o projeto Automotive Brazil 2025 – Uma Visão de Futuro sobre o Mercado Automotivo no Brasil como suporte à formulação da nova política de competitividade para o setor automotivo.

Cardamone lembrou que a posição do Ministério da Fazenda de que a indústria automobilística não deve receber incentivos por não ser estratégica para o País é um dos entraves que vem impedindo a divulgação do Rota 2030. Destacou, no entanto, que o setor precisa que o programa seja promulgado rapidamente para evitar a perda de investimentos.

“A nova política deve promover a competitividade da indústria e do produto, garantir a produção de veículos seguros, eficientes em consumo e conectados, fomentar toda a cadeia produtiva por meio de incentivos e estabelecer para 2022 e 2027 metas desafiadoras e alinhadas com a rota tecnológica global”.

Desde o término do inovar-Auto em 31 de dezembro o setor está sem um programa de longo prazo que dê previsibilidade aos seus investimentos e novos projetos. Governo, montadoras e autopeças passaram dez meses discutindo o Rota 2030 no ano passado e o programa, inicialmente com divulgação prevista para o final de agosto, até agora não saiu do papel.


Foto: Divulgação/GM

Alzira Rodrigues
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