Por George Guimarães | george@autoindustria.com.br
Eles são as vedetes do mundo automotivo global, mas ainda representam quase nada no mercado interno brasileiro, uma diminuta frota de apenas 7,9 mil unidades registradas no encerramento de 2017. Mas a depender das projeções da EPE, Empresa de Pesquisa Energética, os veículos elétricos e híbridos serão bastante comuns no Brasil já no transcorrer da primeira metade da próxima década.
O organismo vinculado ao Ministério de Minas e Energia, MME, calcula que até 2026 perto de 500 mil veículos eletrificados estarão rodando nas ruas e estradas brasileiras, algo como 1% da frota nacional, estimada em 52 milhões de unidades para daqui oito anos.
Esse possível cenário levantado pela EPE foi apresentado por Tatiana Bruce da Silva, pesquisadora da FGV Energia, a especialistas que participaram do IV Seminário de Propulsões Alternativas da AEA, a Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, realizado nesta quinta-feira, 25, em São Paulo.
Segundo a pesquisadora, a maior parte dessa futura frota eletrificada será de veículos híbridos, talvez boa parte já nacionalizada. Ela cita o desenvolvimento do Toyota Prius híbrido elétrico-etanol, ainda em fase de protótipo, como um indicativo de que o Brasil tem potencial para não se limitar a apenas importar esses modelos.
A solução da Toyota de mesclar a eletricidade com o biocombustível, afirma Silva, deve estar no mercado interno já em 2020 e representaria uma oportunidade para o setor automotivo brasileiro se inserir no gigantesco contexto mundial de veículos movidos a energia elétrica e exportar a tecnologia para mercados assemelhados.
Projeção da Agência Internacional de Energia indica que até 2030 serão 140 milhões de automóveis e veículos comerciais em todo o planeta. Atualmente são cerca de 2 milhões de unidades rodando principalmente na Ásia e Europa.
“Não há dúvida de que os veículos eletrificados terão mercado também no Brasil’, afirma Tatiana Silva. Porém, pondera a pesquisadora, o ritmo de evolução da frota eletrificada dependerá tanto da redução do custo de produção dos veículos, quanto de políticas públicas, a exemplo do que ocorre em outros países. “Os carros elétricos na Noruega, por exemplo, já representam 30% das vendas”, ilustra a pesquisadora, lembrando de restrições de circulação de veículos a combustão interna em algumas cidades.
A pesquisadora da FGV Energia entende que a primeira parte é um caminho sem volta. Nos últimos sete anos o preço das baterias, o maior pênalti para os elétricos diante dos veículos a combustão, caiu perto de 80%. Hoje o custo é da ordem de US$ 200,00 por kW/h.
“Quando chegar à metade disso, uns US$ 100,00, o que deve ocorrer em 2025, será o ponto de inflexão mundial, com os veículos elétricos equiparando-se em custos aos convencionais.”
Hoje veículos elétricos dependem fortemente de incentivos governamentais em todos os mercados. A Agência Internacional de Energia calcula que, na média, os subsídios a esses produtos custem perto de R$ 24,5 mil por carro para os governos.
A Coreia é o país mais generoso nesse sentido. O governo local desembolsa mais de US$ 12,3 mil por carro, enquanto na Alemanha a conta fica em US$ 4,4 mil.
A depender do que for definido na política industrial Rota 2030, cujo anúncio agora é aguardado para o começo de maio, tudo pode ficar mais fácil e previsível para os elétricos e híbridos no Brasil.
A expectativa é de que o governo diminua drasticamente o IPI dos atuais 25% para 7% no caso desses produtos. E o Imposto de Importação dos híbridos deve cair para a faixa de 4% a 7% — os elétricos já não recolhem o tributo desde 2015.
Fotos: AutoIndustria/Divulgação
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