Blog da Redação

Aposta de alto risco da Ford

Abrir mão de sedãs e hatches é dar o flanco para a concorrência

Ford FusionFord Fusion

Por George Guimarães | george@autoindustria.com.br

A notícia deve ter feito o Sr. Henry revirar na tumba. Afinal, dificilmente passaria pela brilhante mente do criador da linha de montagem que sua própria empresa anunciaria um século depois, como o fez na semana passada, que abrirá mão de disputar o segmento de automóveis (sedãs e hatches) na sua própria terra natal.

A cúpula da montadora jogou a toalha e entende que esses modelos perderam, de vez, a guerra para os utilitários esportivos, crossovers e, no caso dos Estados Unidos, também para as picapes.

Sedãs, como Fusion, ou hatches, como o Focus e Fiesta, portanto, já estão cumprindo aviso prévio nas concessionárias norte-americanas. Em coisa de dois ou três anos, se a empresa de Henry Ford não mudar de ideia ou o mercado não exibir reviravolta hoje improvável, entrarão para a história como os últimos dos moicanos.

Não devem, portanto, ter vida longa também em outros mercados. Aqui, inclusive. Mesmo que cobiçosos olhos dos consumidores brasileiros estejam ainda voltados especialmente para o Fusion. O modelo tem um bom desempenho de vendas aqui, embora qualquer número do segmento no Brasil seja marginal nos volumes globais da montadora.

Já o Focus sempre cumpriu papel de coadjuvante nas vendas das marca no Brasil, nunca brigou minimamente por posições mais destacadas. Se aposentado, não deixará grande saudade nem mesmo para concessionários. Ao contrário, sua morte diminuiria a complexidade dos estoques na rede. A exceção, claro, é o Fiesta, sempre mais ao gosto dos europeus do que dos norte-americanos.

A sentença de morte dos sedãs da Ford nos Estados Unidos deixa os puristas com o estômago revirado, mas o sacrifício de uma importante parte da história da marca leva em conta o que mais interessa para uma empresa: o azul nos balanços. Se não se compra, não se produz. Simples assim, pelo menos na visão daqueles que têm que se justificar perante os acionistas.

Não deixa de ser, de qualquer maneira, uma decisão corajosa por parte da Ford, que sabe que uma parte da clientela seguirá atrás dessas configurações de carroceria. E que, automaticamente, portanto, se encaminhará para as concessionárias da concorrência.

Resta aguardar para sabermos quão feliz e acertado, ou não, foi o momento dessa resolução, já que a próxima década será palco também de mudanças que, mais do que mix e perfil de produtos, afetarão o próprio modelo de negócios dos hoje apenas fabricantes de veículos. Em uma mesa de dados de Las Vegas, a jogada chamaria a atenção de muita gente.

Ah, importante: o esportivo Mustang, que acaba de chegar ao Brasil pela primeira vez pelas mãos da Ford, não está ameaçado de extinção, asseguram os líderes da Ford. Pelo menos enquanto suas centenas de cavalos empurrarem seus negócios, inclusive fora dos Estados Unidos. Mas nada é definitivo, nada.


Foto: Divulgação/Ford

Compartilhar
Publicado por
George Guimarães

Notícias recentes

Parceria da Ituran e BMW visa ampliar segurança do motociclista

Serviço tem por base telemetria de última geração

% dias atrás

Agora produzida na Argentina, Fiat Titano tem preço a partir de R$ 234 mil

Mudanças na picape elevaram o valor em R$ 14 mil com relação ao cobrado antes,…

% dias atrás

BYD apresenta opção de caminhão para o setor elétrico

Adaptação sobre o modelo eT18 surge para atender serviços de manutenção em redes de energia

% dias atrás

HPE premia 10 empresas por excelência em fornecimento

Avaliação considera critérios de custos, qualidade, atendimento, logística e pós-venda

% dias atrás

Moto Morini inicia oficialmente operação no País

Montagem na fábrica do Grupo DBS começa com três modelos

% dias atrás

SUV compacto Tera demonstra acerto de projeto VW brasileiro

Produzido em Taubaté, fabricante considera como um dos mais importantes da marca; os planos da…

% dias atrás