Por George Guimarães | george@autoindustria.com.br
A notícia foi confirmada com uma lacônica nota de meia dúzia de linhas enviada pela montadora à imprensa na manhã desta quinta-feira, 17: a General Motors lançará vinte novos veículos e dez novas versões e séries especiais até 2022 nos países do Mercosul.
O comunicado se limita a informar tão somente isso, além de destacar uma frase de Carlos Zarlenga, presidente da General Motors Mercosul: “Esta é a maior renovação da linha Chevrolet na história da marca na região. Os novos produtos vão surpreender o mercado com conteúdo e tecnologias inéditas”.
A forma pouco usual para anunciar plano tão ambicioso tinha fácil explicação: o próprio Zarlenga, horas antes, antecipara o cronograma de produtos ao jornal O Estado de S.Paulo, assim como a decisão de fabricar a maioria dos novos veículos no Brasil.
Ao jornal, o argentino Zarlenga, no cargo desde setembro de 2016, admitiu também que muitos dos novos veículos serão utilitários esportivos e crossovers, mas que prepara ainda a substituta da veterana picape pequena Montana e uma nova picape intermediária, produzida na Argentina. O executivo admitiu também sucessores do movolume Spin, do Cruze e da picape S10.
Zarlenga não comentou abertamente sobre Onix e Prisma, mas os líderes de vendas da marca devem ser os primeiros a ganhar nova geração já no ano que vem, como linha 2020. Procurada por AutoIndústria, a empresa não retornou as chamadas para confirmar essa informação nem as reveladas pelo presidente ao jornal.
A investida da GM em SUVs daqui para frente não tem nada de original. Ao contrário, a coloca tardiamente dentro do movimento que tomou conta do mercado brasileiro, em particular, nos últimos quatro anos. Hoje, de cada cinco veículos vendidos aqui, um é utilitário esportivo.
A montadora tem presença para lá de discreta no segmento. Importa dois modelos — Equinox e Tracker — e produz o grandalhão Trailblazer em São José dos Campo (SP). As vendas somadas dos três veículos foram de pouco mais de 16,6 mil unidades no ano passado, quando o universo de SUVs superou 414,1 mil emplacamentos. Uma tímida participação de 4%.
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Com recente esforço publicitário do Equinox, que envolveu até mesmo a contratação do piloto Felipe Massa como garoto propaganda, o desempenho da marca melhorou bastante no primeiro quadrimestre de 2018. Os três SUVs Chevrolet registraram 11,8 mil unidades vendidas, 8% do total de 150,4 mil utilitários esportivos negociados no País.
Ainda assim a marca está muito distante das líderes. Só a Jeep, com Compass e Renegade, vendeu 31 mil unidades de janeiro a abril, 21% do total. O Compass liderou o segmento no ano passado e segue na frente em 2018 com 11,7% de participação, mais do que os três produtos da GM somados.
Mas a renovação da General Motors obedece também a outras naturais necessidades. O atual ciclo de produtos Chevrolet foi iniciado há seis anos, enquanto os das principais montadoras concorrentes são bem mais recentes, começaram no ano passado.
Com um cardápio de novidades nas ruas e outras tantas prometidas para os próximos dois anos, empresas como Volkswagen e Fiat já falam publicamente da disposição de tomar a liderança da GM conquistada em 2015.
A GM fechou o primeiro quadrimestre com 17% de participação no mercado interno de automóveis e comerciais leves, à fente exatamente da Volkswagen, com 15,6%, e Fiat, que deteve 12,5%, aponta levantamento da Fenabrave com base nos licenciamentos.
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A diferença entre elas, no entanto, vem caindo rapidamente, em especial da GM para a Volkswagen. No encerramento de 2017 a montadora norte-americana detinha 18,1%, seguida pela Fiat, com 13,4%, e Volkswagen, com 12,5%. Em apenas quatro meses, portanto, a montadora alemã reduziu a distância para a líder em expressivos 5,6 pontos porcentuais.
Muito desse desempenho se deve à chegada do Polo e do sedã Virtus. Os dois produtos atacam diretamente Onix e Prisma, os Chevrolet que ainda representam mais de 65% dos emplacamentos da marca: somaram 81,4 mil unidades das 125,7 mil da GM nos primeiros quatro meses do ano.
Ter a atualização dos dois modelos em primeiro lugar no cronograma, portanto, é fundamental para a GM. O Onix manteve a liderança folgada entre os hatches no período, com 53,3 mil unidades emplacadas. Mas o número representa 32,8% do segmento, 5,5 pontos porcentuais a menos do que o modelo detinha no primeiro quadrimestre do ano passado.
Obras — Prova de que a montadora tem pressa é a recente paralisação da produção em Gravataí (RS), São Caetano do Sul (SP) e Joinville (SC). As duas primeiras fabricam Onix, Prisma, Cobalt, Spin e Montana, enquanto a planta catarinenses é responsável por motores e cabeçotes.
Foram cinco semanas de obras para “expansão da capacidade e modernização de linhas de montagens” e que “representam também a primeira fase do processo de adequação para receber, no futuro, uma nova família de veículos”, afirmou a montadora.
Fotos: Divulgação/GM
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