Por George Guimarães, de Taubaté | george@autoindustria.com.br
A Volkswagen segue em sua caminhada para voltar ao topo do mercado brasileiro de veículos, posição que ocupou por quatro décadas e perdeu no início deste século. Para isso, encaminha, desde o ano passado, plano de lançamento de vinte modelos até 2020.
Nesta quinta-feira, 26, apresentou o nono e décimo produtos dessa programação: Gol e Voyage com transmissão automática de seis velocidades sequencial e acionamento por alavanca e borboletas da Aisin. Ambos como linha 2019 e com pequenas alterações estéticas na grade, faróis e para-choque dianteiros.
É a primeira vez que os dois modelos dispõem do recurso. E, por enquanto, apenas nas versões com motor 1.6, que responde por cerca de 20% das vendas do hatch e sedã no mercado interno, que têm no motor 1.0 a maioria dos negócios.A Volkswagen calcula que as novas versões devem representar de 25% a 30% dos Gol 1.6 e até 35% dos Voyage 1.6.
No entanto, para desfrutar da nova transmissão, que conta com opção de condução esportiva, o consumidor terá de desembolsar R$ 59.990,00 pelo Voyage e R$ 54,580,00 pelo Gol, que, reforça a montadora, ainda assim se torna o carro automático com motor 1.6 mais barato do mercado.
A Volkswagen projeta forte crescimento das vendas de veículos com transmissão automática no Brasil. Segundo a empresa, perto de 40% da frota negociada no País no ano passado já dispunham da tecnologia, fatia que deverá chegar a 60% em mais dois anos.
“Em 2000, apenas veículos premium vendidos aqui tinham a opção de câmbio automático”, ilustra Pablo Di Sí, CEO da empresa na América Latina, que admite que os câmbios automatizados, que ainda são ofertados em alguns modelos da marca, deixarão de existir. “Essa palavra [ automatizado ] não existe mais na minha cabeça.”
Di Sí é bastante objetivo quando fala das pretensões da marca com mais essa sofisticação em produtos de entrada: “Nossa meta é a liderança do mercado brasileiro. E a brincadeira começa agora”.
A Volkswagen já detém cerca de 15% das vendas internas – 2 pontos porcentuais a mais com relação ao ano passado. Enquanto o mercado interno cresceu perto de 14% no primeiro semestre, a marca evoluiu 33%. E Di Sí diz que perseguirá pelo menos mais 1,5 ponto porcentual de participação “nos próximos meses”.
“Essa palavra [ automatizado ] não existe mais na minha cabeça.”
(Pablo Di Sí)
Com os recentes lançamentos e mais os programados para os próximos dois anos, dentre eles o utilitário esportivo T-Cross, que começa a ser produzido em janeiro no Paraná, a marca ampliará significativamente sua cobertura nos segmentos de grandes volumes. “Hoje estamos presentes em cerca de 70% dos produtos e chegaremos a uns 92% em três anos”, calcula Gustavo Schmidt, vice-presidente comercial.
Por conta dessa crença de que os novos veículos e acelerarão as vendas internas e de boas perspectivas de exportações para mercados como Chile, Colômbia e Peru, o CEO estima que a produção da Volkswagen brasileira aumentará 12% este ano sobre os 408 mil veículos de 2017. “Em motores, o crescimento será da ordem de 58%”, acrescenta.
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Os números poderiam até ser melhores caso o mercado argentino, principal destino dos carros da marca no exterior, não enfrentasse dificuldades. Há cerca de três meses, por conta do refluxo de pedidos, Di Sí tirou da programação de produção 10 mil veículos que deveriam seguir para o país vizinho ao longo deste ano.
Mercado em julho – A média diária das vendas de veículos no mercado interno está se recuperando lentamente após o tombo provocado pela greve dos caminhoneiros e a queda nos índices de confiança dos consumidores, afirma a Volkswagen.
“Elas caíram uns 15% e já cresceram uns 10% depois disso”, pondera o vice-presidente Gustavo Schmidt, que calcula que julho encerrará com algo como 205 mil automóveis e comerciais leves negociados. Ainda segundo seus cálculos, em agosto mercado deve superar com folga esse números e esbarrar nas 225 mil unidades.
Ainda assim, a montadora reviu para baixo suas projeções de vendas do mercado brasileiro para 2018: previa 2,5 milhões e agora estima 2,4 milhões de unidades. “Mas os próximos dois meses serão fundamentais para isso”, alerta o vice-presidente da Volkswagen.
Fotos: Divulgação/Volkswagen
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