Por George Guimarães | george@autoindustria.com.br
A Cummins estima encerrar 2018 com produção de 42 mil motores no Brasil, alta de 31% sobre o resultado do ano passado. O crescimento, embora significativo, seria bem mais comemorado caso a base de comparação não fosse ainda tão baixa: em 2017 saíram da linha de montagem da fábrica de Guarulhos (SP) menos 32 mil motores, o terceiro pior resultado anual na última década.
Mas Luís Pasquotto, presidente da Cummins Brasil e responsável pela Unidade de Negócios de Motores na América Latina, diz preferir ver o “lado cheio do copo” e exalta que o volume de 2018 confirmará a retomada do setor, a inversão da curva descendente iniciada em 2011, quando quase 115 mil motores foram produzidos pela empresa no Brasil.
Confirmada a projeção, será o segundo ano consecutivo de crescimento acima dos 30% na produção da Cummins brasileira. Em 2016 a empresa fabricara pouco mais de 24 mil unidades, seu desempenho mais baixo na década e que refletiu, sobretudo, o péssimo desempenho do mercado interno de caminhões.
No primeiro semestre, a produção total de motores chegou a 22 mil unidades, 60% acima do mesmo período do ano passado. Foram 2.980 unidades para ônibus, 75% a mais, enquanto para caminhões foram fabricados 13.685 motores, evolução de 59% .
Nos dois casos, bem acima do crescimento médio do mercado de respectivamente, 50% e 38%.
Mas empresa ainda exibe salto de 58% na fabricação de motores para os segmentos de construção e de 39% em geradores, cuja divisão. assumiu a liderança do mercado interno.
Pasquotto esclarece que o esperado menor crescimento médio no segundo semestre não deriva de desaquecimento das vendas, mas sim da comparação com os últimos seis meses do ano passado, quando os números foram melhores. “Vivemos agora um otimismo moderado”, sintetiza o executivo, que aponta o processo eleitoral, a greve dos caminhoneiros e a estimativa de um PIB menor como alguns dos fatores que prejudicam desempenho ainda mais relevante do setor este ano.
Presente em quase duas centenas de países, a Cummins faturou globalmente US$ 20,4 bilhões em 2017. A divisão de motores, que produz anualmente 1,3 milhão de unidades, responde por 34% da receita mundial, seguida pela área de pós-venda e serviços, com 27%, componentes, responsável por outros 23% e pela de sistemas de força, 16%.
A empresa reportou faturamento de US$ 11,7 bilhões no primeiro semestre, 21% a mais do que há um ano — só segundo trimestre foram US$ 6,1 bilhões, número recorde para o período. Perto de 58% do faturamento global estão concentrados nos Estados Unidos e Canadá. A Europa responde por 11% dos negócios, seguida já bem de perto pela China, país que sozinho alcançou 10% das receitas.
“Nunca se cogitou sair daqui. A orientação do grupo, ao contrário, era estarmos saudáveis para quando o mercado retomasse”
O braço latino-americano, que sofreu nos últimos anos com o encolhimento dos negócios no Brasil, maior mercado consumidor de motores da empresa na região, registra faturamento equivalente a 6% do total.
Pasquotto, contudo, ressalta que a crise brasileira serviu para que a empresa promovesse vários movimentos e adequações em sua estrutura e processos no sentido de melhorar a rentabilidade, apesar do momento adverso.
Nos últimos três anos a empresa investiu perto de R$ 400 milhões nessas melhorias, inclusive em desenvolvimento e linha de produtos, como a de turbos.
“Nunca se cogitou sair daqui. A orientação do grupo, ao contrário, era estarmos saudáveis para quando o mercado retomasse. Creio que conseguimos”, afirmou o executivo, ainda que reconhecendo que para isso postos de trabalhos tenham sido eliminados ao longo dos últimos anos.
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Se a maior preocupação da empresa aqui é a possibilidade de o mercado retornar a patamares de consumo e produção mais elevados no curto prazo, no mundo a Cummins tem buscado diversificar seus produtos e tecnologias com vistas ao futuro e ao seu próprio modelo de negócios. Os investimentos estratégicos autorizados pela matriz em Columbus, Indiana, têm contemplado, em boa medida, o desenvolvimento de produtos e estruturas para a esperada eletrificação da frota mundial.
Foi criada inclusive a Electrified Power, nova divisão mundial que coordena as ações nessa área e que já concretizou a aquisição da Brammo e Johnson Matthey, fabricantes e desenvolvedoras de baterias de alta e baixa tensões, e mais recentemente da EDI, Efficient Drivetrains, dedicada a trens de força eletrificados.
Nos próximos três anos serão alocados cerca de US$ 500 milhões somente nesse segmento. Contudo, assegura Pasquotto, a ideia do grupo é ter a maior diversidade possível de alternativas técnicas para cada operação e mercado.
Simultanemanete às tecnologias e produtos elétricos, a empresa seguirá desenvolvendo motores a diesel, a gás natural, biogás e também soluções híbridas.
A empresa vislumbra, por exemplo, o lançamento de motores a diesel Euro 6 ainda em muitos mercados emergentes. O Brasil é um deles e onde, segundo o esboçado no programa Rota 2030, a tecnologia deve entrar em vigor somente a partir de 2023.
Foto: Divulgação/Cummins
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