O que ainda soava como uma ameaça ao final de junho, agora é quase certeza: as exportações de veículos não chegarão às inicialmente projetadas 800 mil unidades e tampouco igualarão o recorde de seis décadas cravado em 2017, quando passaram pelos portos brasileiros 766 mil veículos rumo a outros mercados.

A própria Anfavea admite que já trabalha na revisão de suas estimativas e que informará um novo número para o fechamento de 2018 até o mês que vem. Contudo, Antonio Megale, presidente da entidade, adianta: “O viés é de baixa”.

O principal motivo para essa reversão das expectativas tem nome e sobrenome: mercado argentino.  É para lá que segue a grande maioria dos automóveis, comerciais leves e caminhões fabricados aqui.  De janeiro a agosto a Argentina absorveu 75% de todos os veículos embarcados.

O agravamento da crise econômica acentuou a desaceleração dos negócios. Se no acumulado de 2018 o mercado local já amargava recuo de vendas da ordem de 7,8%, em agosto o desempenho foi particularmente pior, ainda que com mais días úteis:  as montadoras entregaram na rede distribuição somente 52,2 mil unidades, 31,9% a menos que no mesmo período do ano passado.

Ainda que alguns outros importantes mercados tenham aumentado seus pedidos para as fabricantes brasileiras, naturalmente eles ainda estão muito aquém de compensar as perdas com as vendas argentinas. “Estamos acompanhando com bastante preocupação a crise argentina. O cenário é de retração, principalmente com o recente aumento das taxas de juros, o que desestimulará ainda mais o consumo”, afirma Megale.

Em agostoforam exportados 56,1 mil veículos, 16,6% menos do que no mesmo mês do ano passado. Foi o terceiro pior volume do ano, à frente apenas do resultado de janeiro (46,4 mil) e julho (51,4 mil). Ao longo dos oito primeiros meses os embarques somaram 486,5 mil veículos, contra 509,8 mil de igual período do ano passado:  queda de 4,6%.

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Apenas as exportações de ônibus e máquinas agrícolas, que em números absolutos pesam muito pouco, registram variação positiva em 2018: respectivamente, 1,5% (5,8 mil unidades) e 1,2% (8,6 mil).  O segmento de automóveis e comercias leves atingiu 462 mil unidades, recuo de 4,8%, e o de caminhões  acumula queda 2%, com 18,6 mil unidades exportadas.

Em valores, porém, os números seguem no azul. Em agosto as exportações somadas de todos os segmentos representaram faturamento da ordem de US$ 1,3 bilhão. No ano as montadoras brasileiras já exportaram US$ 11 bilhões e seguem com possibilidade de superar os US$ 15,9 bilhões de 2017.


Foto: Ivan Bueno /Fotos Públicas

George Guimarães
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