Indústria

Estrutura e oferta de energia não são impeditivos para o carro elétrico, avaliam distribuidoras

Especialistas dizem que a maioria das recargas acontecerá nas residências

O fornecimento e o impacto no aumento de consumo de energia elétrica são dois aspectos que os brasileiros não têm com o que se preocupar caso o País enverede mais intensamente pelo caminho da eletrificação de sua frota de veículos.

Em debate no Congresso de Mobilidade e Veículos Elétricos, realizado durante o Salão do Veículo Elétrico Latino-Americano, nesta terça-feira, 18, em São Paulo, representantes das maiores distribuidoras de energia foram taxativos ao assegurar que a atual oferta e estrutura de distribuição de energia dará conta, sem dificuldade, do esperado crescimento da frota eletrificada.

Nelson Fonseca, presidente da Abradee, associação que congrega 43 empresas de distribuição de energia, pontuou: “Na próxima década, os veículos elétricos contribuirão mais com a redução do consumo de combustíveis fósseis do que com o aumento do consumo de energia elétrica”.

Essa mesma visão norteia o discurso de outros técnicos. Márcio Kubo, coodenador de P&D da Itaipu Binacional, cita dados do Departamento de Energia dos Estados Unidos: “O carregamento de um carro elétrico equivale ao uso de um pequeno ar condicionado”.

Danilo Leite, especialista de Estratégia e Inovação da CPFL Energia, acrescenta ainda que a ampliação da frota de veículos elétricos no Brasil se dará de forma paulatina, a exemplo do que já ocorre nos principais mercados atuais. “Assim, podemos assegurar, que temos totais condições de suprir esse novo segmento”, afirmou.

Os especialistas também  entendem que a infraestrutura de recarga não será um grande impeditivo do crescimento das vendas de carros elétricos no Brasil.

Isso porque, como ocorre nos Estados Unidos, onde já há estatísticas  de que 85% das recargas são realizadas nas residências, eles acreditam que a grande maioria dos consumirodes brasileiro utilizará as tomadas das próprias residências ou do local de trabalho.

Outra percepção geral: as recargas acontecerão fora do horário de pico de consumo, especialmente durante a noite, período de menor demanda por energia e, consequentemente, de tarifas mais baixas. “Isso será até benéfico para o sistema de distribuição, pois  diminuirá os vales de ociosidade”, pondera o presidente da Abradee.

Não à toa algumas empresas já começam a oferecer produtos para o consumidor final, além de automóveis, scooters, patinetes e bicicletas elétricas. No salão realizado de 17 a 19 no Transamérica Expo, a ABB exibiu seus carregadores para residências, condomínios e estabelecimentos comerciais. Para  recarga semi-lenta e lenta, têm potências que variam de 7 a 22 kW e necessitam de duas a oito horas para completar a carga de um veículo elétrico.

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Balanço de projeto da CPFL realizado nos últimos cinco anos com dezesseis veículos cedidos para empresas e funcionários, indica que os usuários rapidamente encontram a melhor maneira de ter seu carro sempre com autonomia suficiente para os deslocamentos diários.

Leite recorda que, inicialmente, eles buscavam quase diariamente uma tomada para recarga, hábito que passou a ser menos frequente com o passar do tempo. Depois, mais adaptados e sabendo das suas necessidades para um determinado período, recarregavam uma vez por semana.

Pesquisas mostram que, em média, um  veículo roda de 20 a 25 quilômetros por dia nas cidades, distâncias que, com a crescente autonomia das baterias, nem de longe demandam recargas diárias.

Paulo Maisonnave, vice-presidente de Projetos Especial da Enel X, lembra ainda que os automóveis permanecem 95% do tempo parados nas garagem das casas, de prédios de apartamentos ou de escritórios.“Nesses momentos, eles podem ser recarregados. É bom lembrar que o carregamento pode se dar até mesmo em uma tomada comum, mas claro que carregadores inteligentes e de carga rápidas são melhores.”

Apesar dessa visão, Maisonnave entende que os chamados eletropostos, as estações públicas de recarga, são indispensáveis nas estradas e nas cidades para algumas eventualidades ou para aplicações específicas que necessitam de cargas muito rápidas.

Mas menos no Brasil do que, por exemplo, na Europa. “Lá, naturalmente, não há prédios ou casas com tantas garagens como aqui e onde as tomadas podem ser instaladas. Os carros são deixados nas ruas. Infelizmente, no nosso caso, essa oferta de vagas acontece até por uma questão de segurança”, destaca o executivo.


Fotos: Divulgação/NurnbergMesse

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Publicado por
George Guimarães

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