O consumidor brasileiro tem colocado uma adaga no pescoço dos fabricantes de veículos ao demandar maior sofisticação e disponibilidade de recursos tecnológicos em produtos de maior volume e preços menores. O problema é como responder a esses desejos sem aumentar demasiadamente o preço final em segmentos nos quais poucas centenas de reais a mais podem inviabilizar a venda.
Contornar esse dilema tem sido atribuição, em especial, das empresas sistemistas, responsáveis pelo fornecimento dos principais conteúdos e tecnologias dos automóveis.
A Continental é uma delas e tem encontrado no desenvolvimento de produtos regionais a saída para oferecer recursos e tecnologias que lá fora já estão disponíveis, mas cujos custos ainda seriam impeditivos para a oferta em carros mais baratos.
Esse esforço arregimenta hoje um corpo de cerca de cem engenheiros alocados no complexo industrial da empresa de Guarulhos (SP). “Algo como 90% do nosso trabalho é equacionar custos”, afirma José Rogério Campassi, gerente de novos negócios da Continental, que participou do painel “Você merece um carro novo – O futuro do automóvel” no Welcome Tomorrow 2018, evento sobre mobilidade realizado em São Paulo.
A empresa já desenvolve, por exemplo, um painel digital de baixo custo, semelhante ao que hoje fornece importado para Polo e Virtus, dois dos mais recentes produtos da Volkswagen. O novo painel, reconhece Campassi, não se trata rigorosamente do mesmo produto hoje vindo da Europa e que é montado nos dois modelos em São Bernardo do Campo (SP).
Mas será algo muito aproximado visualmente, assegura Campassi. O projeto está em estágio avançado, algo como 70% estão concluídos. O protótipo já é operacional. O início de sua produção local, também em Guarulhos, não deve ultrapassar 2020.
Outra tecnologia que está próxima de ser nacionalizada dentro desse conceito de baixo custo é o carregamento de celular por indução. Campassi vislumbra sua chegada ao mercado já no começo de 2020.
Ainda são poucas as marcas e carros, mesmo em segmentos de luxo, que oferecem a tecnologia no mercado brasileiro. Um deles é o importado utilitário esportivo Peugeot 3008, que custa acima de R$ 150 mil e que conta com a tecnologia da própria Continental.
Neste caso, a solução desenvolvida pela sistemista promete ser superior até mesmo ao produto importado: terá sistema de 15 volts enquanto o indutor europeu é de 5 volts. ´” É uma plataforma muito parecida, mas já atualizada”, afirma o gerente da emprea.
Mais barato e mais eficiente? Campassi conta o milagre: o indutor nacional está sendo desenvolvido para ser adotado por qualquer veículo de qualquer montadora. E em grande escala e no curto prazo, pelo que deixa entender o executivo.
Foto: Divulgação
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