Mesmo a apenas alguns metros do Mustang, a picape F-150 Raptor não passou despercebida no estande da Ford durante o Salão do Automóvel de São Paulo. Ao contrário, dividiu muitos olhares e câmeras de celulares. Não para menos.
A versão mais robusta e potente da F-150, veículo mais vendido dos Estados Unidos há décadas e que ainda não é importado pela Ford, impressiona: tem motor 3.5 V6 Ecoboost de 450 cavalos — 70 kgfm de torque —potência digna do próprio Mustang, que desenvolve apenas 16 cavalos a mais. O câmbio, automático de dez marchas é o mesmo do esportivo.
Os amortecedores são de competição da Fox Racing. A tração pode ser 4×2, 4×4, 4×4 reduzida, a depender da seleção do piloto, ou melhor, do motorista. Com esse conjunto e mesmo pesando mais de 2,1 toneladas distribuídas em 5,89 metros, acelera da imobilidade até os 100 km/h em impressionantes 5 segundos.
AutoIndústria experimentou, na pista de testes da montadora em Tatuí (SP), o que esses números podem representar na prática de um circuito de terra.
Não fosse pela profusão de sistemas eletrônicos capazes de corrigir exageros no acelerador, freio ou volante, a Raptor seria um touro difícil de domar para o motorista menos hábil.
Acontece que a tecnologia deixa tudo mais seguro e prazeroso, dá até para curtir o ronco poderoso do motor, que se confunde facilmente com o de um superesportivo.
A não ser que se esteja nos Estados Unidos, essa experiência é um privilégio para poucos brasileiros ainda, já que a Ford assegura não ter intenção de importar a Raptor. A unidade avaliada em Tatuí é uma das duas que a montadora trouxe – a outra se destinou apenas para exposição estática no salão paulistano.
A razão dessa resistência da montadora de oferecê-la para os fazendeiros e, sobretudo, “agroboys” mais abastados é para lá de compreensível: até nos Estados Unidos, mercado original e ávido por mastodontes como a Raptor, a versão custa caro. Algo acima de US$ 50 mil, um valor lá digno de carros de alto luxo.
Aqui, o mercado de picapes grandes é muito menor em unidades, tamanho dos veículos e, claro, preços. As mais caras, custariam, no máximo, um terço do que a Ford teria que pedir pelo modelo fabricado nos Estados Unidos, contabilizados aí impostos e cotação do dólar na base de R$ 3,80, por exemplo.
De janeiro a outubro, foram vendidas no Brasil, segundo classificação da Fenabrave, 164,3 mil picapes grandes, 20% a mais do que no mesmo período do ano passado. A Fiat Toro é líder folgada com 48,7 mil unidades negociadas, seguida pela Toyota Hilux, com 31,4 mil emplcamentos.
A atual única representante da Ford nessa faixa de mercado é a Ranger, que tem tido desempenho até acima da média do segmento. Nos dez primeiros meses do ano, somou 16,8 mil emplacamentos, 26% a mais do que em igual período de 2017.
A picape mais próxima da F-150 Raptor, pelo menos em termos de tamanho, é a também americana RAM 2500 e que tem somente 533 unidades negociadas. Ainda assim, porque custa R$ 270 mil, uma quase “pechincha” perto do que se pagaria para ter o prazer de domar um Raptor.
Fotos: Divulgação/Ford
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