Lançado oficialmente no fim de agosto e nas revendas mesmo desde outubro, o utilitário esportivo C4 Cactus foi o modelo mais vendido da Citroën no último bimestre. Foram entregues aos consumidores 2,2 mil unidades no período, 1.150 delas no mês passado, segundo dados da Fenabrave.
É desempenho para ser comemorado, afinal sobre o SUV estão depositadas as maiores esperanças da Citroën de retomar o crescimento no mercado brasileiro. Hoje, somados automóveis e comerciais leves nacionais e importados, a marca detém participação de somente 0,8%, com 18,1 mil veículos vendidos no varejo de janeiro a novembro.
Muito pouco — quase nada — para uma montadora generalista. A Mercedes-Benz, cujo modelo mais barato está na faixa dos R$ 140 mil, alcançou 13,1 mil unidades, 0,6% do total de emplacamentos.
O Cactus, assim, está cumprindo muito bem o papel que lhe foi atribuído. Mas, por outro lado, é fenômeno passível também de outra análise e, talvez, já de preocupação dos executivos da marca.
Chegar a mais de 50% das vendas da marca tão rapidamente indica que o restante da linha, hoje com outros seis modelos, praticamente sumiu da preferência dos consumidores ou, na melhor das hipóteses, dos esforços conjuntos de vendas da fabricante e da rede de concessionárias.
O Citroën mais vendido no mercado interno é o hatch C3: somou 5,9 mil unidades no acumulado até novembro. No mês passado, porém, foram emplacados somente 383 veículos e número semelhante em outubro. De janeiro a setembro, antes efetivamente da chegada do novo SUV nas lojas, a média mensal era de 572 unidades, já naturalmente muito baixa para um carro de seu segmento e preço.
Efeito similar se viu no C4 Lounge, modelo que passou por face-lift no primeiro trimestre e aparece como o segundo mais vendido da marca em 2018, com 3,1 mil emplacamentos em onze meses. Se até setembro a Fenabrave registrou média de 305 unidades por mês, em novembro foram negociados meros 106 sedãs fabricados na Argentina.
Quando da apresentação do C4 Cactus, Ana Theresa Borsari, diretora geral da Peugeot, Citroën e DS no Brasil, sentenciou que com o novo produto a marca dobrará suas vendas no Brasil em 2019. “Ante as 25 mil unidades que deverão ser emplacadas este ano, a expectativa é chegar a 50 mil em 2019. Desse total, entre 20 mil a 25 mil serão do novo SUV”, afirmou à época.
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Pelo que se viu nos primeiros dois meses, já não dá para duvidar do potencial do utilitário esportivo de cumprir sua missão, mas em compensação fica uma interrogação quanto aos demais 25 mil veículos que serão necessários para fechar a conta.
E se chegar aos 50 mil a Citroën terá ido muito além até da tarefa proposta pela executiva de multiplicar por dois o resultado de 2018. Afinal, restam vinte dias úteis até o encerramento do ano e, portanto, o mesmo tempo para negociar as quase 7 mil unidades faltantes da projeção de Borsari. Muito difícil para quem vem registrando menos de 1,7 mil a cada mês.
Foto: Divulgação/Citroën
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