Vendas para outros países não compensaram recuo de 20% do mercado argentino
Nas planilhas da indústria automobilística brasileira, os números de exportação serão os únicos grafados em vermelho após o encerramento de dezembro. A atividade é a grande decepção do setor em 2018.
Antonio Megale, presidente da Anfavea, acredita que o balanço final anual indicará menos de 650 mil unidades exportadas. Inicialmente, o setor esperava embarcar 800 mil veículos e bater o recorde de 766 mil unidades alcançado no ano passado.
O quadro mudou drasticamente a partir do segundo semestre, quando a Argentina, principal destino dos automóveis brasileiros, viu sua crise econômica agravar e o mercado de veículos despencar.
As vendas no país vizinho estão em 633 mil unidades no acumulado do ano, 20% abaixo de 2017. A queda em novembro foi ainda maior: os 33 mil veículos negociados representaram recuo de 58% sobre igual mês do ano passado.
Nem mesmo o crescimento de vendas brasileiras em alguns mercados secundários compensou a perda. De janeiro a novembro, foram exportados 597,4 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, 15,3% menos do que o registrado em igual período do ano passado.
Novembro foi o mês de pior desempenho: passaram pelos portos brasileiros rumo ao exterior somente 34,4 mil veículos, 53% abaixo do que no mesmo mês de 2017.
O segmento de veículos leves, que reúne automóveis e comerciais leves, foi o que mais sofreu com a crise argentina e recuou 15,6% no acumulado de onze meses, somando 565,6 mil unidades contra 670,5 mil em 2017.
Os embarques de caminhões recuaram 9,8% até novembro, com 23,5 mil unidades despachadas. No mês passado foram somente 1,3 mil veículos, 42,7% a menos do que um ano antes.
Até máquinas agrícolas e rodoviárias, que experimentam crescimento da produção e do mercado interno brasileiro de, respectivamente, 12% e 19%, escaparam da curva descendente.
De janeiro a novembro somaram 11,8 mil unidades embarcadas, baixa de 6,7% em relação aos primeiros onze meses do ano passado. Até o menor segmento de todos em volume, o de ônibus, oscilou negativamente: contra 8,3 mil unidades exportadas de janeiro a novembro do ano passado, em 2018 foram 8,2 mil, 0,8% abaixo.
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Com esse quadro de recuo generalizado, o faturamento não poderia ter melhor sorte. Em novembro o setor vendou para outros países o equivalente a US$ 957,1 milhões, o menor valor mensal do ano, que já registrara em abril US$ 1,6 bilhão.
No acumulado de onze meses a indústria brasileira exportou US$ 13,8 bilhões em automóveis, veículos comerciais e máquinas agrícolas e rodoviárias. “Não deixa de ser um bom resultado, acima até da média dos últimos dez anos”, pondera Megale. Em 2017, contudo, o saldo foi superior a US$ 15,8 bilhões.
Foto: Divulgação/ Nissan
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