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GM quer piso salarial menor e terceirização em São José dos Campos

Montadora apresentou 28 pontos e não revelou possíveis investimentos

A primeira reunião com a General Motors, ocorrida na tarde da terça-feira, 22, desagradou em muitos os representantes dos trabalhadores da fábrica de São José dos Campos (SP). Segundo o sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos e Região, “os trabalhadores ficaram indignados com a proposta da GM”.

A montadora relacionou 28 pontos para, em troca, manter investimentos no complexo do Vale do Paraíba e produzir modelos de uma nova família de veículos. Dentre os principais itens, estão redução do piso salarial de R$ 2,3 mil para R$ 1,6 mil, aumento da jornada de trabalho, criação do esquema 12 por 36 horas, implantação de banco de horas, liberação da terceirização em toda a fábrica, fim do transporte fretado, jornada intermitente e fim da estabilidade no emprego para lesionados. Um pacote duro e inaceitável, na avaliação da entidade.

“Desejamos a manutenção dos investimentos e dos empregos, mas precisamos ter claras as contrapartidas”

(Renato Almeida)

“O sindicato é contra a retirada de direitos e continuará com o processo de negociação, mas a decisão final caberá aos trabalhadores. Queremos tratar do assunto com total transparência”, afirma Renato Almeida, vice-presidente do sindicato, que avalia que a proposta só será colocada em votação ao final do processo de negociação que levará em torno de vinte dias.

Almeida afirma que em nenhum momento a General Motors revelou, caso chegue a um acordo, qual o montante poderia aplicar nos novos projetos ou quais produtos poderiam ser fabricados na planta de São José dos Campos, inaugurada em 1959 às margens da Rodovia Dutra.

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“Desejamos a manutenção dos investimentos e dos empregos, mas precisamos ter claras as contrapartidas. Não queremos repetir 2013, quando fechamos um acordo que previa produção de um novo veículo e a geração de 2,5 mil vagas de trabalho, algo que nunca ocorreu”, ponderou o dirigente, logo depois de apresentar a proposta da montadora aos trabalhadores do primeiro de São José dos Campos.

Além de motores e transmissões, saem da linha de montagem da unidade a picape S10 e o utilitário esportivo Trailblazer. Foram montadas mais de 53 mil unidades dos produtos no ano passado, segundo o sindicato. “São produtos de alto valor agregado e grande margem de lucratividade.  É preciso lembrar que a GM é a única montadora a produzir uma picape desse porte no Brasil. As com concorrentes são importadas.”

Os representantes dos 4,8 mil funcionários da unidade de São José dos Campos voltarão a se reunir nesta quarta-feira com a montadora em Guarulhos (SP). Uma assembleia dos trabalhadores do segundo turno está marcada para as 14h45.

Os 28 pontos da montadora

  1. Negociação de Participação nos Resultados com revisão de regras de aplicação, prevalência de proporcionalidade, transição para aplicação de equivalência salarial e inclusão de produtividade.
  2. Participação nos Resultados por três anos, sendo “zero” no primeiro ano, 50% no segundo ano e 100% no terceiro ano.
  3. Nova grade salarial para toda a unidade de São José dos Campos, para horistas e mensalistas, progressão salarial com congelamento para o ano de 2019 e nova tabela salarial, inclusive para cargos especializados.
  4. Formalização do acordo coletivo de longo prazo, 2 anos, renováveis por mais 2 anos.
  5. Negociação de valor fixo em substituição ao aumento salarial para empregados horistas e meritocracia para mensalistas (0% no 1º ano, 60% no 2º e 100% no 3º)
  6. Implementação do trabalho intermitente, por acordo individual e coletivo;
  7. Terceirização de atividades meio e fim;
  8. Jornada de trabalho de 44 horas semanais para contratações novas;
  9. Piso salarial de R$ 1.600;
  10. Redução do adicional noturno para o percentual previsto em lei;
  11. Supressão de pagamento de hora extra com adicional diferenciado – limites de 29/275 horas;
  12. Redução do período de complementação do auxílio previdenciário para 60 dias, limitado a um evento no ano;
  13. Introdução de cláusula no acordo coletivo de trabalho, regulando a possibilidade de suspensão do contrato de trabalho – Layoff
  14. Revisão, inclusão, exclusão e adequação das cláusulas sociais;
  15. Exclusão da cláusula de Garantia de Emprego ao Empregado Acidentado;
  16. Cláusula regrando a adoção de termo de quitação anual de obrigações trabalhistas (nova);
  17. Acordo específico de flexibilidade da jornada de trabalho, por meio de Banco de Horas;
  18. Rescisão no curso do afastamento, para empregados com tempo para aposentadoria (nova);
  19. Desconsideração de horas extraordinárias (nova);
  20. Trabalho em regime de tempo parcial (nova);
  21. Jornada Especial de Trabalho 12×36 (nova);
  22. Ajuste na cláusula de férias com parcelamento previsto na lei;
  23. Inaplicabilidade de isonomia salarial acima dos 48 meses para grade nova (nova);
  24. Suspensão das contribuições da GMB por 12 meses da Previ;
  25. Alteração do plano médico;
  26. Renovação dos acordos de flexibilidade existentes;
  27. Manter acordo de manutenção – escala – sem pagamento de folgas;
  28. Fim do subsídio do transporte ou inclusão de linhas regulares.

 


Foto: Divulgação/ SMSJC

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Publicado por
George Guimarães

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