Antonio Filosa, presidente da FCA para a América Latina, está otimista com o curto prazo da indústria automotiva brasileira. Segundo ele, as vendas internas de veículos devem crescer algo como 9% em 2019, para cerca de 2,6 milhões de automóveis e comerciais leves.
As razões para isso: sobretudo aumento do índice de confiança das famílias e a maior oferta de crédito. “A massa de financiamento de automóveis deve aumentar uns 12%”, ilustrou o executivo nesta sexta-feira, 8, em São Paulo, após breve viagem à Argentina, segundo maior mercado da região e que passa por declínio acelerado.
“Na Argentina o quadro é muito diferente. Acreditamos que o mercado lá cairá novamente em 2019, de 750 mil para uns 600 mil veículos.”
O país é o maior consumidor dos automóveis brasileiros e assim impactará negativamente as exportações da indústria este ano. Por conta disso, o presidente da FCA já admite menos embarques. Em 2018 a FCA exportou 118 mil veículos a partir do Brasil, contra 140 mil embarcados no ano anterior.
Ainda que se concretize a curva descendente do mercado argentino, que no passado já encolhera 11 %, as vendas totais na América Latina permanecerão estáveis em 2019, repetindo os 4,1 milhões de unidades de 2018, segundo calcula Filosa. Países como Chile, Colômbia e Peru, além do Brasil, devem compensar a queda argentina.
“Nossos acionistas e o board estão muito contentes com o Brasil”
A região, de qualquer forma, está com conceito elevado dentro da FCA global. A operação capitaneada por Filosa contribuiu bem para o desempenho recorde do balanço mundial de 2018. O grupo comercializou 4,84 milhões de veículos no ano passado em todo o mundo, 102 mil unidades acima do que em 2017.
O faturamento global expandiu 4%, para € 115,4 bilhões, e o EBIT (lucro antes de juros e imposto de renda) de € 7,3 bilhões também foi recorde.O lucro líquido atingiu € 5 bilhões de euros, 34% maior do que o de 2017.
Os mercados latino-americanos responderam por 566 mil veículos, 10% a mais do que no ano anterior. O Brasil sozinho, entretanto, somou cerca de 80% desse total, com 434 mil unidades negociadas e expansão de 14%. Já na Argentina a FCA, que detém cerca de 13% de participação, vendeu 99 mil unidades, 6% a menos do que em 2017.
O EBIT da divisão chegou a € 359 milhões, cresceu 138% — margem de resultados ficou em 4,4%. A própria empresa faz questão de destacar: “O EBIT obtido na América Latina praticamente igualou o registrado na região formada por Europa, Oriente Médio e África (EMEA), mercado muito maior do que o latino-americano”.
“Estamos muito otimistas com o empenho que o novo governo brasileiro vem demonstrando para realizar as reformas estruturais tão necessárias ao país e conduzir a economia em uma rota de crescimento sólido e responsável. A reforma da Previdência e a reforma tributária são, sem dúvida, estruturantes de um novo ciclo de desenvolvimento econômico”, acrescentou Filosa.
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A FCA encaminha ciclo de investimentos para a América Latina de R$ 14 bilhões até 2023, a maior parte dos recursos dedicada ao Brasil, onde tem programados 25 novos produtos, renovações de veículos em linha, séries e versões especiais. Dentre eles, o primeiro utilitário esportivo da Fiat, confirmado por Filosa para chegar ao mercado em 2021.
Com esses números e perspectivas, Filosa foi indagado se também estaria considerando, a exemplo da GM, de interromper investimentos e até fechar operações da América do Sul. Foi enfático: “Nunca. Nossos acionistas estão muito contentes com o Brasil”.
Foto: AutoIndústria
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