Atentativa do governador de São Paulo, João Doria, e do prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, de reverter a decisão da Ford de fechar a fábrica do ABC paulista foi frustrada. A montadora deixou claro que o fechamento é inevitável e, diante desse quadro, o governo estadual comprometeu-se a ajudar na venda do complexo industrial do Taboão, em São Bernardo.
A reunião ocorreu na manhã desta quinta-feira, no Palácio dos Bandeirantes, sem a participação dos trabalhadores da Ford. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, esteve no mesmo período nos portões da fábrica e lamentou a exclusão da entidade do encontro:
“Ficamos sabendo através da imprensa sobre a reunião, às 10h, com o governador, o presidente da empresa (Lyle Watters) e também o prefeito da cidade. Solicitamos que a gente pudesse, como trabalhadores – os mais afetados por essa decisão -, participar. Recebemos o retorno do gabinete do governador dizendo que eles não nos queriam nessa reunião. Vamos tentar contato junto à matriz”.
A Ford emitiu comunicado oficial no final da tarde confirmando a presença do presidente Lyle Watters no encontro, que teve também a participação do vice-presidente da montadora, Rogelio Golfarb, do vice-governador Rodrigo Garcia e do secretário de Fazenda e Planejamento, Henrique Meirelles.
Segundo a montadora, a reunião foi produtiva: “Ficou consensado que o governo do Estado e a Ford vão trabalhar, com urgência, na busca conjunta de um comprador para a unidade de negócios de São Bernardo do Campo”.
No mesmo comunicado, a Ford reitera que as suas demais unidades no Brasil não serão afetadas por essa ação e que “a empresa segue atuando em conjunto com seus parceiros, incluindo funcionários, concessionários e fornecedores, para manter o apoio integral aos consumidores no que se refere a garantias, peças e assistência técnica dos produtos de São Bernardo”.
O governador João Doria disse que a Ford tentou vender o complexo industrial ao longo do ano passado, mas não obteve sucesso. “As negociações para a venda serão reabertas com a participação do governo estadual e se necessário do governo federal. O governo de São Paulo ajudará a Ford a encontrar um comprador para o parque fabril de São Bernardo”, assegurou o governador durante coletiva de imprensa.
Ainda de acordo com o Palácio dos Bandeirantes, a Ford teria aceitado a contrapartida de manter os 1,2 mil funcionários na sede administrativa do ABC Paulista e também de não fazer mudanças ou cortes de empregos nas unidades de Taubaté, Tatuí e Barueri.
Os contatos do governo de São Paulo com potenciais investidores interessados em assumir a fábrica do ABC vão começar na próxima segunda-feira, 25. A meta é buscar outra montadora de automóveis que possa absorver os cerca de 1,6 mil funcionários da linha de montagem.
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“O governo não fará imposições à compradora. Nós buscaremos uma solução de mercado ao lado da Ford”, concluiu João Doria, que classificou o encontro como positivo apesar de a Ford não ter voltado atrás na decisão de fechar a fábrica, onde hoje é produzida toda a sua linha de caminhões e o automóvel Fiesta.
Com o acordo no Palácio dos Bandeirantes, a Ford se propõe a manter 2.880 empregos diretos em São Paulo. Além dos 1,2 mil funcionários que continuarão na sede administrativa em São Bernardo, a montadora emprega 1.260 pessoas na fábrica de Taubaté, 250 no Campo de Testes de Tatuí e 170 no centro de distribuição de Barueri.
Foto: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
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