Há tempos a indústria brasileira de motocicletas não vivenciava momento tão favorável. Tanto que a Abraciclo, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares, decidiu rever suas projeções para 2019 após os resultados positivos no primeiro trimestre.
A entidade entende agora que produção, vendas no atacado e no varejo superarão as estimativas divulgadas no início do ano. A única exceção serão as exportações, que recuarão na comparação anual em decorrência do mercado argentino em grave crise.
Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo, revelou nesta quarta-feira, 10, que a produção superará 1,1 milhão de motocicletas este ano, 6,1% a mais do que o concretizado no ano passado — a expectativa inicial era de alta de 4,2%. Será o melhor resultado desde 2015, quando deixaram as linhas de montagem do Polo Industrial de Manaus (AM) mais de 1,26 milhão de unidades.
As vendas das montadoras para as concessionárias, calcula o executivo, devem atingir 1,06 milhão, evolução de 10,7%, três pontos porcentuais a mais do que a projeção anterior .
Já para os clientes finais devem somar 1,02 milhão de motos, crescimento de 8,5% sobre o resultado de 2018. Anteriormente a perspectiva era de não mais do que 998 mil unidades, evolução de 6,2%.
“A retomada do setor de motocicletas no mercado interno no primeiro trimestre superou as expectativas. A estabilidade das taxas de juros no menor patamar histórico e a ampliação da oferta de crédito pelos bancos têm contribuído para a recuperação mais acelerada”, analisou o Fermanian, que também reforça a volta da confiança do consumidor de renda atgé 3 salários-mínimos, responsável pela maioria das compras do segmento de até 160 cc, o maior da indústria.
A produção poderia ser até maior, admite o presidente da Abraciclo, caso as exportações não destoassem. Com o forte declínio do mercado argentino, principal destino das motos brasileiras no exterior, o setor já esperava recuo nos embarques ao longo de 2019.
O quadro, porém, ficou ainda mais difícil após as 11,4 mil motocicletas exportadas no primeiro trimestre — 51,2% abaixo do volume registrado no mesmo período do ano passado — e a Abraciclo agora acredita em apenas 40 mil unidades exportadas no ano, contra 49 mil da primeira estimativa. Se assim for, a queda na comparação anual com 2018 será da ordem de 41%.
LEIA MAIS
→Honda investe de R$ 500 milhões em Manaus
→Fenabrave revisa para cima meta para o segmento de motos
Ainda assim, nos três primeiros meses do ano foram fabricadas 276,8 mil motocicletas, alta de 6,6% ante igual período de 2018. Apenas em março saíram das linhas de montagem 91,5 mil unidades, 3,3% abaixo de março de 2018 e 9,6% que em fevereiro. O declínio mensal se justifica pelo feriado de carnaval, que este ano caiu na primeira semana de março. “Tivemos 19 dias úteis mês, dois a menos que em março do ano passado e um a menos que fevereiro”, justificou Fermanian.
O desempenho superior das linhas de montagem no primeiro trimestre, assim, foi uma resposta ao maior nível de negócios no mercado interno. No acumulado dos três primeiros meses, foram vendidas no atacado 270,6 mil motos, alta de 15,7% na comparação com o mesmo período de 2018 — 93,5 mil no mês passado.
Comportamento semelhante se viu no varejo. Os emplacamentos cresceram 17,9% no trimestre, para 258,6 mil unidades, sendo 83,8 mil registrados em março, crescimento de 5,6% ante o mesmo mês de 2018. A média diária superou 4,4 mil unidades, o melhor índice alcançado pelo setor para março desde 2015.
Fotos: Divulgação
- Consórcios caminham para recorde de cotas vendidas - 16 de dezembro de 2024
- Após três décadas, Corolla perde a hegemonia de Toyota mais vendido no Brasil - 16 de dezembro de 2024
- Segundo semestre “salva” as exportações de veículos - 12 de dezembro de 2024