Preocupados com o efeito cascata que as demissões da Toyota poderão gerar na cadeia automotiva, os metalúgicos de Sorocaba (SP) promoveram nesta terça-feira, 25, ato em defesa dos empregos na região, que abriga tradicionais fabricantes de autopeças, dentre as quais Schaeffler, ZF do Brasil e Clarios (antiga Johnson Controls).

Realizado no Parque Tecnológico de Sorocaba na parte da manhã, o ato foi promovido pelo SMetal, Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região, reunindo trabalhadores da Toyota e de empresas sistemistas, como a Kanjiko, Gestamp e Faurecia, entre outras.

De acordo com os dirigentes sindicais e membros dos Comitês Sindicais de Empresa (CSE), a decisão da Toyota de encerrar o terceiro turno em agosto já afeta os fornecedores de Sorocaba, que concentram-se, principalmente, na nova zona industrial da cidade e também na Avenida Independência.

Comunicado do sindicato revela que a Kanjiko já demitiu 60 trabalhadores e a Schaeffler reduziu seu quadro de mão de obra em cerca de 100 postos. Além disso, a Clarios deverá comunicar neste final de mês um aviso de férias coletivas para 900 trabalhadores e a Gestamp, segundo a diretora do SMetal que integra o CSE dessa empresa, Priscila dos Passos Silva, já protocolou pedido de férias para 200 funcionários na próxima semana.

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O secretário geral do SMetal, Silvio Ferreira, aproveitou o ato em defesa do emprego para esclarecer sobre as negociações que a entidade vinha mantendo com a Toyota até ser surpreendida com o anúncio do fim do terceiro turno, instituído na fábrica de Sorocaba há menos de menos de oito meses, em novembro passado.

“Primeiro nos passaram a necessidade de adequação da produção com redução de 230 postos de trabalho. Fizemos a modificação no calendário de dias-pontes para reduzir o corte para 180. Mas, em seguida, falaram da necessidade de redução de mais 340 postos, apresentando ainda pauta de 20 itens propondo, basicamente, a retirada de direitos. Foram duas plenárias realizadas no sindicato com trabalhadores para iniciarmos a construção dessa negociação, mas na semana seguinte a montadora já anunciou 740 cortes com o fechamento do terceiro turno”, explicou Ferreira.

O diretor sindical e integrante do CSE da Toyota, Robson Lopes Passos (Paraná), lembrou que só com a negociação do terceiro turno feita por meio do sindicato com a Toyota foram criados aproximadamente 5 mil empregos na cadeia produtiva. “É importante lutarmos para que os que estão sendo demitidos sejam readmitidos o quanto antes”.

“Não é apenas o fator da crise na Argentina, mas também da política neoliberal implantada no Brasil, que está afetando a produção por falta de investimentos industriais”, ressaltou o diretor executivo do sindicato e integrante do CSE da Clarios, Antonio Welber Filho.

O presidente do SMetal, Leandro Soares, colocou em votação no ato desta terça-feira uma pauta de reivindicações que foi aprovada pelos trabalhadores. “Para a geração de postos de trabalho e para manter os atuais, é fundamental que se tenha investimentos públicos e também privados. O grande objetivo desta assembleia é a defesa do emprego e dos investimentos na planta de Sorocaba, que beneficiará toda a cadeia produtiva”, destacou.


Foto: Divulgação/SMetal

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