Fornecedora de componentes e sistemas de alta precisão para aplicações em motores, transmissões e chassis, a Schaeffler mantém 20 Centros de Pesquisa e Desenvolvimento no mundo, investindo fortemente em novas tecnologias voltadas ao aumento da eficiência energética dos veículos e redução de emissões.
Nesse contexto, certamente, novos sistemas para veículos elétricos e híbridos têm espaço garantido e é justamente nessa área que vem atuando o Centro de P&D da América do Sul, instalado no Brasil e considerado um dos quatro mais criativos do grupo no mundo.
“Tivemos 158 notificações de invenções apresentadas pela equipe local em 2018”, comemora Claudio Castro, diretor executivo de pesquisa e desenvolvimento da Schaeffler América do Sul. Com foco em motores flex, o centro brasileiro também é responsável por todos os novos produtos ligados à mobilidade elétrica.
O que se justifica principalmente pelo advento do híbrido flex, que tem tudo para ganhar força no Brasil a partir do novo Corolla agora em setembro. “Acredito que esse será o caminho no Brasil. Já estamos, inclusive, trabalhando com algumas montadoras interessadas em desenvolver esse tipo de produto”.
Qual a importância do Centro de P&D da Schaeffler na América do Sul no contexto global do grupo?
Estamos entre os quatro mais criativos dos 20 existentes no grupo e das 2 mil patentes registradas mundialmente no ano passado, 158 foram aqui no Brasil.
Como funcionam esses centros?
Pelo extenso portfólio de produtos do grupo, cada centro tem sua especialização, ou seja, foco em uma determinada linha.
Qual é o foco do centro localizado no Brasil?
Nós nos dedicamos a veículos com motores flex e todos os novos produtos ligados à mobilidade elétrica. Apesar de o mercado brasileiro de carros elétricos ser ainda incipiente, passamos a ter também esse foco em função da nossa competência e da criatividade dos nossos profissionais. Estamos contribuindo com os outros centros no que diz respeito a carros elétricos e também híbridos.
O fato de estar surgindo no Brasil o híbrido flex, a partir do lançamento do novo Toyota Corolla, teve peso nessa decisão de vocês trabalharem com mobilidade elétrica?
Sem dúvida o híbrido-flex é uma tendência forte para o mercado brasileiro. Acredito muito nesse produto e temos competência para atender a indústria nacional com motor elétrico para os veículos flex.
Já há montadoras locais interessadas nessa tecnologia?
No caso do Corolla, está vindo praticamente tudo de fora. Mas estamos trabalhando com algumas montadoras interessadas em desenvolver o híbrido flex. Há prospecções e desenvolvimentos em andamento.
Quantos profissionais tem no Centro de P&D brasileiro?
Temos 133 profissionais. Sempre que surge uma ideia nova, compartilhamos com outros centros para ver se não há algo similar sendo desenvolvido lá fora.
Há programas internos para estímulo a novas ideias?
Temos dois programas deste tipo. O primeiro, que é mais sofisticado e envolve invenções e patentes, é dedicado aos pesquisadores que trabalham em nosso centro. Esses profissionais são incentivados a dar ideias inéditas em termos globais, aquelas mais ligadas ao foco do P&D.
Qual é o outro programa?
O segundo programa denominamos fábrica de ideias e dele podem participar todos os funcionários da América do Sul. O empregado de qualquer área, seja da fábrica, da administração e do campo, coloca no sistema a primeira ideia que lhe vem na cabeça e daí um comitê avalia as propostas. Nesse caso são abrangidas várias áreas, desde preservação do meio ambiente até aproveitamento de material e melhorias no processo produtivo.
Qual o índice de aproveitamento das propostas apresentadas?
No caso do Centro de P&D, foram encaminhadas 300 propostas no ano passado, das quais 153 foram aceitas e encaminhadas. Um aproveitamento excelente, em tordo de 50%. Quando surge uma ideia é quase certo que é inovadora.
Qual o retorno no caso do segundo programa?
Foram perto de 1 mil ideias em 2018, com 25% de índice de aproveitamento. É um programa maduro, com qualidade das ideias.
Desde quanto existe o Centro de P&D no Brasil?
Ele foi criado em 2007. Temos ideias nossas aplicadas nos Estados Unidos, na China e em outros países. A indústria brasileira é mais conservadora em relação à inovação. A velocidade de implementação de novas ideias aqui é menor, mas vemos atualmente um interesse crescente na área de eletrificação e híbridos.
O senhor acredita na disseminação do carro elétrico por aqui?
Acredito que o caminho no Brasil será o híbrido flex. É difícil termos uma infraestrutura elétrica na América do Sul. E no caso do híbrido temos etanol em abundância e infraestrutura total para atender esse tipo de produto, que pode fazer de 25 a 30 km/l.
O Rota 2030 pode acelerar o desenvolvimento de híbridos aqui no Brasil?
Com certeza. É um programa bastante propício para avançarmos no híbrido-flex, até por conta da necessidade de melhorar a eficiência energética. O importante desse programa é ser voltado à toda cadeia automotiva, ao contrário do Inovar-Auto que focou mais nas montadoras.
E o carro autônomo? Tem algum trabalho nesse sentido no Brasil?
Estamos capacitando nossos profissionais para todas as novas tecnologias. É um investimento grande para preparar o pessoal para a transformação que está acontecendo na indústria automotiva mundial. Trabalhamos forte com o autônomo na Europa e vamos nos dedicar a isso também aqui no Brasil. No momento estamos capacitando o pessoal para ver a aplicação da direção sem barra aqui na região.
Foto: Divulgação/Scheaffler
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