Entrevista

Carlos Zarlenga, da GM: “Fico contente que tudo deu certo”.

No lançamento do novo Onix, executivo fala sobre a decisão da empresa de manter investimentos aqui e do interesse da marca de entrar no segmento de picape médias

Confiante no sucesso da nova geração do Onix que está desembarcando no Brasil esta semana, o presidente da General Motors América do Sul, Carlos Zarlenga, aproveitou o lançamento do produto, em Porto Alegre, RS, para conversar com um grupo de jornalistas sobre temas variados.

Não se esquivou de falar sobre a decisão da empresa de manter investimentos no Brasil após a ameaça de suspender operações por aqui, elogiando a postura dos concessionários, dos sindicatos e do governo de São Paulo: “Fico contente que tudo deu certo”. Também falou dos atributos do novo Onix e admitiu a possibilidade do desenvolvimento de uma picape média para a a região: “Estamos pensando em entrar nessa categoria. Proximamente teremos novidades nessa área”.

A GM lança a nova linha Onix no mesmo ano em que ameaçou deixar o Brasil. Os resultados da empresa por aqui continuam negativos?
O resultado da indústria automobilística no Brasil, não só da GM, é de prejuízo. E prejuízo grande. A desvalorização do real nos últimos dois anos causou impacto em nossas contas. Jamais blefamos sobre essa possibilidade. Não iríamos falar algo que não fosse verdade. Para continuar aqui tínhamos de investir, tínhamos de ter novos produtos em São Caetano do Sul e São José dos Campos. Um produto só não é sustentável. Tínhamos de reestruturar não só a empresa, mas a cadeia toda.

O senhor ficou satisfeito com o encaminhamento dessa questão?
Os concessionários foram os primeiros a colaborar. Os sindicatos também se mostraram maduros e o governo do Estado de São Paulo participou do processo que viabilizou a continuidade das nossas operações. Fico contente que tudo deu certo.

A empresa também enfrenta problemas com prejuízo na Argentina?
Lá, no momento, o problema maior é a retração do mercado. O problema no Brasil é diferente. Exportamos 20% em impostos, uma carga que impede vendermos para fora da região. Temos agora a chance de aprovar o Reintegra, o que nos tornaria mais competitivos. Gravataí é a fábrica mais eficiente do mundo, mas precisamos tirar a carga de impostos das exportações para atingir novos mercado. Temos uma capacidade instalada de 6 milhões no Mercosul e não conseguimos exportar para fora.

Como o senhor viu o novo acordo Brasil-Argentina, que adia para 2029 o livre comércio?
O primeiro ponto a ser considerado é que Brasil e Argentina têm de ser vistos como um mercado só. Nesse sentido temos de atacar os custos. Precisamos investir em infraestrutura e reduzir a carga tributária sobre as exportações. Só se caminharmos nesse sentido é que conseguiremos ter livre comércio com o resto do mundo. Por isso considero 10 anos um prazo razoável. Mas os avanços não dependem da indústria, dependem os governos.

A GM abriu PDV em São Caetano do Sul e, segundo o sindicato local, o corte atingiria a engenharia. Há um movimento no sentido de reduzir essa área aqui?
Os números e as informações que estão sendo divulgadas sobre PDV e demissões não são nossos. Com relação à engenharia, vamos fazer desenvolvimento de carros com competitividade, o que envolve um trabalho global, como aconteceu com o Onix. Ele vai ser vendido em 40 países.

Como o senhor vê o futuro da mobilidade na região. Como será o veículo do futuro na América Latina?
Na minha opinião, o futuro do automóvel é 100% elétrico. Isso a longo prazo, talvez a mais longo prazo ainda aqui na região. Tanto é que estamos trazendo o Volt para cá e acreditamos no produto.

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O senhor não vê o híbrido como uma passagem para o elétrico aqui no Brasil? 
Não estamos pensando no híbrido. Lá nos Estados Unidos estamos investindo direto no elétrico, acho que esse é o caminho.

Um segmento que vem ganhando importância por aqui é o das picapes médias. A GM planeja produto nesse segmento?
As picapes médias realmente estão com demanda crescente e estamos pensando em entrar nessa categoria. Seria um conceito global. Proximamente teremos novidades nessa área.

Os motores 1.0 aspirado e turbo da família Onix vão estar presente em outros modelos da família?
Vão equipar outros modelos sim. Prometemos 30 novidades até 2024 e este ano já fizemos 11 lançamentos, entre produtos totalmente novos, atualizações etc.

Qual a importância do lançamento da nova geração do Onix para a GM?
Temos o carro mais vendido no Brasil há 47 meses consecutivos e atingimos recorde de vendas do modelo em agosto, em plena véspera do lançamento da nova geração. Ele é um sucesso e isso será reforçado ainda mais com o novo Onix. Conseguimos manter nas versões LT e LTZ os mesmos preços da geração anterior, incorporando muito mais conteúdo e itens de segurança. Tudo foi mudado, é um carro completamente novo em design, arquitetura, conectividade e acessibilidade. Vai ter wi-fi com antena dentro do carro. Uma revolução. E tudo com preço justo e correto.


Foto: Divulgação/GM

 

 

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Publicado por
Alzira Rodrigues

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