Entrevista

“É uma semente”, diz presidente da Renault sobre carsharing em Brasilia.

Segundo Ricardo Gondo, há várias prefeituras interessadas em programas que utilizam veículos elétricos

Referência mundial em mobilidade zero emissão, a Renault é uma das montadoras que mais investe em ações de incentivo ao uso do carro elétrico no País. Ao participar do lançamento do projeto de carsharing do governo do Distrito Federal, que utilizará veículos Twizy em circuito fechado, o presidente da Renault do Brasil, Ricardo Gondo, aproveitou para falar da importância de programas do gênero e da necessidade de haver incentivos para incrementar o mercado de elétricos no País.

“É a primeira semente”, comemorou Gondo ao receber um grupo de jornalistas após a cerimônia realizada no Palácio do Juriti nesta segunda-feira, 7. “É uma pequena frente que vai ajudar a desenvolver esse mercado de carsharing no Brasil”, complementou o executivo, destacando haver vários projetos em estudo nesse sentido.

O programa de compartilhamento do Distrito Federal, denominado VEM DF, contempla 16 unidades do Renault Twizy, adquiridas pela ABDI, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, que serão utilizadas por 300 servidores públicos em uma rota restrita à Esplanada dos Ministérios e sedes dos órgãos da administração do Distrito Federal. “É um privilegio para a Renault fazer parte desse projeto pioneiro”, destacou o executivo.

A Renault lançou o elétrico Zoe no final do ano passado e agora fechou esse negócio com o Twizy? Qual a projeção de venda de veículos do gênero para este ano?

O mercado de carros elétricos no Brasil ainda é pouco explorado e justamente por isso é difícil fazer estimativas sobre volumes de vendas. Lançamos o Zoe aqui no final de 2018 e no total deste ano comercializamos 100 unidades de veículos elétricos. É um mercado que depende de ações de empresas e do governo para começar a deslanchar.

Como o senhor vê o lançamento do programa de compartilhamento do Twizy no Distrito Federal?

Iniciativas deste tipo são muito bem-vindas. Mas também precisamos de incentivos, como o anunciado pelo governo do Distrito Federal de isenção de ICMS por cinco anos para veículos elétricos. Na Europa, por exemplo, todos os países deram estímulos para a compra de elétricos. Não só em impostos, mas também com ações como estacionamento público gratuito nos grandes centros urbanos. São medidas necessárias para incentivar o seu uso.

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Há outros municípios interessados em projetos similares ao de Brasília?

Com certeza a iniciativa do Distrito Federal é uma pequena frente que vai ajudar a desenvolver esse mercado de carsharing. É a primeira semente. Esse tipo de ação vai ajudar a disseminar as qualidades do carro elétrico e principalmente a redução de custos que ele propicia. Há muito interesse de várias cidades nesse sentido, mas por enquanto não podemos revelar nomes. Vale lembrar que em Curitiba teve o evento Smart City no ano passado, um passo no sentido de incentivar o uso do veículo elétrico.

O que diferencia esse projeto de carsharing de Brasília de outros existentes no País que também utilizam veículos Renault?

A diferença é que no Distrito Federal é um circuito fechado, com os elétricos sendo utilizados pelos próprios servidores. O objetivo é gerar economia para o setor público. No caso do carsharing existente em Belo Horizonte, MG, são os moradores de um condomínio construído pela MRV que utilizam dois Renault Zoe para locomoção. O mesmo ocorre no Cubo Itaú, em São Paulo, onde os residentes do espaço podem utilizar um Zoe compartilhado, reservado por meio do aplicativo Joycar, desenvolvido por uma startup localizada dentro do hub.

A Renault em planos de investir em pontos de recarga em rodovias?

Nossos carros elétricos têm foco nas grandes cidades, o que viabiliza a recarga da bateria pelos próprios usuários. Temos o Tuwizy, o Kangoo Z.E. e o Zoe, todos ideais para circular em centros urbanos. O Zoe, por exemplo, tem autonomia de 300 km. Na média, no mundo todo, roda-se 60 km por dia. Ou seja, uma carga no Zoe dá para rodar quase uma semana. É um hábito que vai sendo criado, o de carregar a bateria de acordo com o uso do produto.

A Renault mundialmente é referência em mobilidade zero emissão. Quais ações da empresa o senhor destacaria no Brasil?

São vários os projetos nesse sentido. Além dos já citados carsharing em Belo Horizonte e São Paulo, temos seis veículos 100% elétricos – três Zoe, dois Twizy e um Kangoo Z.E. – sendo utilizados pela administração de Fernando de Noronha. Vale lembrar que a partir de 2022, conforme decreto assinado em junho pelo governador de Pernambuco, Paulo Câmara, somente entrarão na ilha veículos 100% elétricos. Outro exemplo em mobilidade zero emissão é oferecida pela Beep Beep, em São Paulo, que disponibiliza dez  Zoe para uso compartilhado, com a reserva realizada diretamente por meio de um aplicativo.

Quais as principais ações da Renault envolvendo carros elétricos a nível mundial?

Em Madrid, capital da Espanha, tem o projeto Zity, que disponibiliza 650 Renault Zoe em formato de compartilhamento, com reserva feita diretamente pelo aplicativo. Na França, nas cidades de Paris e Clichy, o Moov’in Paris oferece 100 Zoe e 20 Twizy para uso compartilhado, com reserva feita também por meio de um aplicativo.

Há outras ações além das relacionadas a compartilhamento de veículos?

Temos projetos de Smart Island, ilhas funcionais, inteligentes e eco-friendly.  Em Portugal, na ilha de Porto Santo, por exemplo, temos 14 Zoe e seis Kangoo Z.E. que transitam e atuam como armazenadores da energia solar e eólica em parte do dia, impedindo que a energia gerada seja inutilizada ou descartada. São ações desse tipo que fazem parte do dia a dia da Renault e que vêm contribuindo para incentivar o uso dos elétricos no mundo e também no Brasil.


Foto: Divulgação/Renault

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Publicado por
Alzira Rodrigues

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