Desenvolvido pela Ford no Brasil, um novo composto de borracha para tubulações de veículos que utilizam biodiesel já conta com duas patentes nos Estados Unidos e está em processo de registro por aqui, assim como na China e na Europa. O material, segundo a fabricante, tem características técnicas próprias para o biodiesel e sai pela metade do custo do similar importado.

A área de engenharia de materiais do centro de desenvolvimento do produto da marca no complexo industrial de Camaçari, BA, responsável pelo novo composto de borracha, o PVC/NBR condutivo, começou a pesquisar materiais alternativos em 2017. O novo material já rendeu ao time três premiações internas de inovação da Ford.

Uma das fórmulas patenteadas tem como componente o grafeno, enquanto outra usa a sílica obtida a partir da cinza de casca de arroz, material renovável que atua como reforço mecânico e tem a propriedade de redução do inchamento em contato com o biodiesel.

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As primeiras peças feitas com o novo material têm previsão de chegar ao mercado em 2020, na picape Ranger, e também poderão ser licenciadas para outras marcas, inclusive fabricantes de caminhões, que são grandes usuários de diesel. A produção em escala desse material, que é compatível até com o uso de B30, é favorecida também pela abundância de matéria-prima, já que o Brasil é o maior produtor de arroz fora da Ásia.

O novo composto de borracha tem como principal vantagem o alto ponto de fulgor, que permite manuseio e  armazenamento mais seguros, além de excelente lubricidade. Para o seu uso, foi preciso alterar o material das mangueiras e vedações que ligam o bocal de abastecimento ao tanque de combustível. Essas peças passaram a ser fabricadas com borracha nitrílica hidrogenada (HNBR), importada, que possui maior resistência química mas tem um alto custo.

“As peças que têm contato com o biodiesel S10 não podem ter acúmulo de carga eletroestática, devido à baixa condutividade desse combustível, o que pode gerar eventuais faíscas em períodos de menor umidade e comprometer a segurança veicular”, explica Cristiano Hubert, especialista em polímeros e elastômeros do time de engenharia de materiais da Ford. “As peças de borracha HNBR importadas possuem a propriedade de dissipar as cargas elétricas, mas são cinco vezes mais caras que as convencionais.”

Desde 2008, a legislação brasileira determina que carros e caminhões a diesel sejam validados para o uso do biodiesel, adicionado inicialmente na proporção de 5%. Em 2018 a mistura passou a ser de 10%, com previsão de aumentar para 15%, o chamado B15.

“Com essa inovação a Ford reafirma o compromisso de entregar produtos de qualidade e economicamente viáveis para o mercado da América do Sul”, diz Cristiane Gonçalves, supervisora de engenharia de materiais da Ford. “Esse projeto também está alinhado ao pilar de sustentabilidade da empresa, tanto pela viabilização do uso do biocombustível como pelo emprego de materiais renováveis e redução de rejeitos, ajudando a construir um mundo melhor”.


Foto: Divulgação/Ford

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