Indústria

Carlos Ghosn afirma que a parceria Renault-Nissan hoje é uma farsa

Executivo disse que Nissan queria autonomia e confirmou que negociava fusão com a FCA

Uma das mais concorridas e longas entrevistas  coletivas do setor automotivo nos últimos anos aconteceu nesta quarta-feira (8) bem longe dos principais polos produtores de veículos e sem qualquer alusão a lançamentos ou novas tecnologias.

Em Beirute, capital do Líbano, Carlos Ghosn, ex-presidente Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi encontrou a imprensa pela primeira vez após fugir do Japão, onde vinha cumprindo prisão domiciliar há oito meses.

O executivo não deu detalhes de como conseguiu escapar do país que o acusa de crimes financeiros à frente da Nissan. Disse que fugiu para poder se defender de forma justa. “Não tive direito a ampla defesa”, assegurou.

O executivo nascido no Brasil acusou a justiça japonesa de violações de diversos de seus direitos e de dificultar acesso ao processo e eventuais evidências que serviram de base para a acusação que resultou em sua prisão inicial no fim de 2018.

Em longa exposição, e depois em mais de 1 hora respondendo a perguntas de jornalistas de todo o mundo, Ghosn afirmou que é vítima de orquestração entre membros da justiça japonesa e executivos da Nissan.

Segundo ele, esse movimento teria parte de suas origens com a insatisfação da cúpula da montadora com os resultados da empresa até 2017 e que também objetivava ter maior autonomia dentro da organização que nos últimos anos brigou pela liderança global na produção de veículos.

“A única maneira que eles tinham de se livrar da Renault era se livrando de mim. Estavam certos”, disse.

A parceria das duas montadoras hoje é uma farsa, segundo o ex-dirigente, que revelou que pretendia formar uma holding que unisse ambas sob apenas um conselho de administração, ainda que com conjuntos diretivos separados.

LEIA MAIS

→ Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi vende mais de 10,7 milhões de veículos

→ Carlos Ghosn é solto sob fiança de R$ 33,8 milhões

→ Carlos Ghosn fala em conspiração

A fusão integral dos dois conglomerados era desejada apenas pela Renault. A Nissan se opunha à ideia, afirmou Ghosn. A fabricante francesa tem 40% das ações da Nissan, enquanto a japonesa possui 15% dos papéis da Renault.

Falando em diversas línguas, o brasileiro confirmou que negociava a união do conglomerado que dirigia com a FCA, Fiat Chrysler Automobile, grupo que acaba de anunciar sua fusão com a também francesa PSA. “A Aliança perdeu o imperdível, a Fiat Chrysler”, declarou.


Foto: Divulgação

Compartilhar
Publicado por
Redação AutoIndústria

Notícias recentes

Moura lança baterias de lítio de 12V e 48V na Automec

Produtos já estão sendo negociados no Brasil e a de 48 V já foi homologada…

% dias atrás

BorgWarner prepara produção de nova linha de baterias

Com lançamento previsto para o segundo semestre de 2026, empresa já testa protótipos em Piracicaba…

% dias atrás

CNH triplicará centro de distribuição no Centro-Oeste

Estrurutra terá 8 mil m² para reduzir em 50% tempo das entregas

% dias atrás

Setor de transporte impulsiona o consumo de alumínio

Indústria de veículos pesados absorveu 116 mil toneladas no ano passado, 15% da demanda nacional

% dias atrás

Mercedes-Benz coloca seu micro-ônibus no campo

Chassi LO 916R Fretamento Rural é alternativa para transporte em estradas de terra e pisos…

% dias atrás

Mercedes-Benz contabiliza R$ 300 milhões ainda não pagos de entregas de ônibus elétricos

Conta envolve 175 unidades do eO500U fornecidos ao município de São Paulo no ano passado

% dias atrás