Após quase sete décadas, o IAA, o International Automobile Exhibition, como é conhecido o maior salão automotivo europeu, não será mais realizado em Frankfurt. A VDA, associação de montadoras e empresas do setor automotivo da Alemanha, confirmou que a próxima edição do evento, em setembro de 2021, acontecerá em Berlim, Hamburgo ou Munique.

Em comunicado, a entidade afirmou que a “decisão [de mudar de cidade] não foi fácil para o conselho de administração da VDA: a metrópole [Frankfurt] foi a cidade do IAA por quase 70 anos. Internacionalmente, isso ficou claro no termo frequentemente usado Frankfurt Motor Show”.

As três cidades finalistas concorreram com outras quatro, a própria Frankfurt dentre elas. As candidaturas envolviam, necessariamente, por exigência da VDA, a apresentação de conceitos e ideias para melhoria da mobilidade urbana e sustentável nas suas regiões. A definição da vencedora deve ocorrer já nas próximas semanas.

Mais do que a mera mudança do tradicionalissímo local, a decisão da VDA contempla a preocupação de suas associadas com o futuro deste tipo de evento, criado há mais de cem anos e que ganhou versões em todo o mundo, mas que claramente perdeu força na última década.

salão do automovel

Se, de um lado, o número de visitantes vem caindo — o público do IAA 2019  foi de cerca de 560 mil pessoas, 30% abaixo da edição anterior — ,de outro, custos elevados e ações de maior impacto global têm feito as montadoras repensarem suas presenças em todos salões automotivos.

E eles são muitos. Só do calendário de 2020 da Oica, Organização Internacional dos Fabricantes de Veículos, constam 12 exibições, fora aquelas que não integram o quadro da entidade.

Um estante e toda a estrutura voltada para, muitas vezes, somente 10 dias de salão, consomem milhões de dólares. E o retorno é naturalmente de difícil mensuração, a não ser, claro, o de reforço de imagem.

Na comparação com ações independentes, exclusivas e que podem ser pulverizadas globalmente com o transmissões ao vivo pela internet, os salões automotivos têm perdido quase sempre.

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De três anos para cá, já são comuns as desistências de marcas importantes até mesmo nas principais exposições mundiais. O Salão de Paris, com o prestígio de seus mais de 120 anos, não contou com oito montadoras no ano passado, dentre elas nomes de peso como Volkswagen, Ford e Nissan.

A edição de 2019 de Detroit, que este ano será realizada pela primeira vez em junho e não mais em janeiro — claramente para fugir da crescente concorrência da CES, Consumer Electronics Show, palco das mais recentes novidades tecnológicas automotivas — não contou com o trio de alemãs Audi, BMW e Mercedes-Benz.

A Volvo foi mais além e excluiu todos os salões do mundo de sua estratégia de marketing há dois anos. A empresa prefere destinar recursos para ações próprias, menores, focadas e  até mais amplas, como a Volvo Ocean Race, regata de repercussão mundial.

Também no Salão de São Paulo — A tendência de debandada naturalmente tem se refletido também no Brasil. Apesar dos esforços dos organizadores de diversificar as atrações nas últimas edições, o Salão do Automóvel de São Paulo já coleciona importantes desistências para 2020.

A edição que marcará os 60 anos da exposição não contará com modelos BMW, Mini, Toyota, Lexus, além dos da Volvo. A montadora sueca também esteve ausente da edição de 2018, assim como Peugeot, Citroën, Jaguar, Land Rover, e Jac Motors.


Fotos: Divulgação

George Guimarães
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