Se a produção de veículos ainda segue interrompida em várias fábricas chinesas, as vendas internas no maior mercado automotivo mundial praticamente cessaram nos últimos dias. O surto do coronavirus tem afugentado os consumidores das concessionárias das dezenas de marcas presentes na China.

Segundo a CPCA, Associação de Automóveis da China, os negócios no varejo caíram 92% nos primeiros 16 dias de fevereiro. Em números absolutos: foram vendidoas, diariamente, somente 4,9 mil unidades, contra 59,9 mil nos mesmos dias do ano passado. Neste ritmo, a entidade calcula que as entregas podem cair 70% em fevereiro e até 40% no primeiro bimestre.

A CAAM, Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis, afirmou que o atual quadro sugere que as vendas de carros de passeio tendem a recuar mais de 10% no primeiro semestre e 5% no ano, isso se a epidemia for controlada nos próximos três meses.

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Seria um novo é significativo tombo no mercado interno, que já vem experimentado desaceleração nos últimos anos e que registrou queda de 8% só no ano passado, quando perto de 25 milhões de carros de passeio foram vendidos.

O quadro preocupa o governo chinês, que, depois de decidir diminuir incentivos fiscais aos veículos elétricos a partir deste ano, estuda medidas emergenciais e a prorrogação do benefício para aumentar o consumo de automóveis no curto prazo.

 HONDA E NISSAN SEGUIRÃO PARALISADAS

Decisões recentes de alguns fabricantes comprovam que os problemas continuam em intensidade preocupante. Nesta sexta-feira, 21, Honda e Nissan adiaram o reinício da produção em suas linhas localizadas na província de Hubei, um dos maiores polos produtores de automóveis do País, e em cidades de províncias próximas. Alegaram o cumprindo de diretrizes governamentais.

A Nissan disse ainda não ter data definida para o retorno, antes previsto para a próxima segunda-feira. Já a Honda antecipou que suas operações em Wuhan, epicentro do surto, permanecerão fechadas pelo menos até 11 de março.

A Toyota, que tem quatro fábricas em Chengdu, cidade da província de Sichuan e a mais de 1,1 km de distância para Wuhan, decidiu voltar ao trabalho no dia 24 de fevereiro. Ainda assim, afirmou, com produção limitada.

Isso porque o fornecimento de autopeças segue prejudicado, quando não interrompido, já que muitos dos milhares de componentes dos automóveis são fabricados exatamente em Wuhan. O quadro de desabastecimento já forçou a parada de linhas de montagem inclusive em outros países, como as da Hyundai na Coreia do Sul e da FCA na Europa.

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Esta semana a Daimler alertou, em seu relatório anual, sobre os perigos que a epidemia pode representar para a economia mundial e seus próprios negócios. O conglomerado alemão produz, em parceria com Beijing, cinco veículos em Pequim, dentre eles o EQC, utilitário esportivo elétrico.

Segundo a montadora, cujo o CEO Ola Kallenius afirmara na semana passada ser cedo para avaliar o impcato da crise, a extensão “[os riscos] podem não apenas afetar o desenvolvimento das vendas, mas também levar a efeitos adversos significativos na produção, no mercado de compras e na cadeia de suprimentos”, além de prejudicar a economia da China e mundial.


Foto: Divulgação/ Governo da China e BYD

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