Queda em janeiro foi de 6,2%. A China lidera o ranking dos países que mais vendem para o Brasil.
Ainda não há dados específicos sobre os reais efeitos do coronavírus no envio de autopeças para o Brasil, mas o Sindipeças já admite que a epidemia pode ter contribuído para a queda das importações em janeiro. A China lidera o ranking dos países que mais exportam para cá, seguida da Alemanha e Coreia do Sul.
Em seu relatório mensal sobre a balança comercial do setor, o Sindipeças destaca que do lado das importações, “o período sazonalmente mais fraco e os possíveis efeitos relacionados à epidemia do coronavírus (convid-19), postergando as remessas, fizeram as aquisições externas recuarem 6,2%”.
Consultado sobre os riscos de haver falta de peças por causa da epidemia, o Sindipeças admitiu a possibilidade de o coronavírus ter afetado negativamente os números de janeiro, mas destacou ainda não ser possível dimensionar os atuais e futuros efeitos da epidemia na produção local.
Em nota, o presidente da entidade, Dan Ioschpe, disse não haver indicação de problema sistêmico de suprimento de autopeças por causa da epidemia até este momento. “A ocorrência ou não de problema dependerá do tempo de retomada das atividades produtivas na China e dos efeitos coronavírus em outros países, como Itália e Coreia do Sul, por exemplo. É possível que algumas empresas estejam se preparando para isso, mas não temos conhecimento de quais são elas”.
As importações de autopeças em janeiro totalizaram US$ 943,4 milhões, ante total de US$ 1.005.860 no mesmo mês de 2018. No caso da China, a queda foi de 0,7%, para US$ 161,8 milhões. Como destaca o próprio Sindipeças, apesar de a China ser o maior exportador de autopeças para a indústria brasileira, houve retração mais forte nos embarques vindos da Alemanha (-16,9%). Estados Unidos (-14,4%), França (-22,2%) e Japão (-8,9%).
Ainda não dá para medir os eventuais reflexos do coronavírus na produção mundial do setor automotivo, mas tudo indica que as importações de autopeças para o Brasil tendem a recuar nos próximos meses, visto haver paralisação de fábricas na China e em outras localidades por causa da epidemia. Nesta sexta-feira, 28, por exemplo, a Hyundai Motor, que já vinha sendo afetada por falta de peças vindas daquele país, fechou sua planta em Ulsan, na Coréia do Sul, depois que um trabalhador deu positivo para o novo coronavírus.
EXPORTAÇÕES TAMBÉM EM QUEDA
A indústria de autopeças iniciou o ano com exportações também em queda, registrando em janeiro o pior desempenho nessa área desde 2016. De acordo com o Sindipeças, as compras de autopeças tiveram forte recuo de 23,6%, totalizando US$ 390,6 milhões em janeiro deste ano, ante os US$ 511,4 milhões do mesmo mês do ano passando.
O destaque é que as exportações para a Argentina, que enfrentam retração acentuada em 2019, reagiram no primeiro mês deste ano. Houve aumento de 6,5%, para US$ 98,6 milhões, explicado, em parte, pelo aumento da produção
no país vizinho.
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Com esse desempenho, a Argentina voltou a ocupar a primeira colocação no ranking dos principais compradores de autopeças brasileiras, desbancando os Estados Unidos, que reduziram suas compras em expressivo 57,3%, de US$ 126,6 milhões no primeiro mês de 2019 para US$ 54 milhões este ano.
Em virtude da queda mais forte das exportações frente à das importações, o déficit comercial de autopeças voltou a subir. O incremento observado foi de 11,8%, simbolizando um aumento de US$ 58,4 milhões – o déficit passou de US$ 494 ,4 milhões em janeiro do ano passado para US$ 552,8 milhões em idêntico mês deste ano.
Foto: Divulgação/Automec 2019
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