Liquidez de fornecedores e concessionárias é o aspecto mais urgente, afirma Pablo Di Si, CEO da Volkswagen
O fluxo de caixa das empresas fornecedoras de autopeças e nas concessionárias é a principal preocupação da indústria automotiva brasileira no curtíssimo prazo. O quadro tem sido tratado nas últimas semanas em seguidas reuniões, via internet, entre os principais líderes e entidades do setor e o Ministério da Economia.
Na tarde desta quarta-feira, 15, representantes da Anfavea e pelos menos cinco presidentes e CEOs das maiores montadoras participam de nova rodada de conversas com o ministro Paulo Guedes e membros do BNDES. A pauta “Financiamento para capital de giro orientado para a cadeia automotiva” explicita bem para onde as discussões têm caminhado e desaguarão.
Pablo Di Si, CEO da Volkswagen na América Latina, tem participado intensamente dos encontros virtuais, que também envolvem representantes da Fenabrave e Sindipeças. Em entrevista ao site Automotive Business, o executivo disse que o governo reconhece a importância do setor e que Guedes se mostra sensibilizado com o quadro definido Di Si como muito preocupante e urgente:
“Não tenho a menor ideia de como será o segundo semestre. E isto não é o mais importante agora. Se a casa está pegando fogo, não tenho que me preocupar com o amanhã. Precisamos encontrar mecanismos rápidos que possam mudar a situação até o fim de abril”.
O executivo comparou o atual momento do setor ao que vivenciou em 2008, quando a crise imobiliária nos Estados Unidos derrubou mercados mundiais e as vendas de veículos no Brasil recuaram 40% subitamente.
“Também tivemos uma enorme crise de liquidez no setor, mas o governo agiu rápido”, afirmou Di Si, que recorda de medidas que incentivaram o crédito.
Passado o período mais agudo da pandemia, o CEO da Volkswagen vislumbra até oportunidades para a indústria local de autopeças. “As cadeias industriais vão mudar, não só a automotiva. Vocês acreditam que os Estados Unidos ou a Europa continuarão a comprar respiradores da China por que custam 100 dólares a menos? Acho que não.”
Ele identifica possibilidades maiores para a nacionalização, por exemplo, de componentes de motores, infotainment ou sistemas de airbags. Para isso, defende até — respeitadas normas antitruste — que empresas se unam para comprar ou fornecer componentes. “Temos que ter escala.”
Outro aspecto apontado por Di Si que pode ajudar a produção local é a cotação do dólar acima dos R$ 5. Por outro lado, admite, o grande valorização da moeda americana nos últimos meses impactará o preço final dos veículos no País: “Não tem como não repassar custos”.
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Di Si não tem certeza ainda de quando as fábricas da Volkswagen voltarão a trabalhar. “Faremos isso quando tivermos total segurança para os nossos funcionários. Pode ser no começo de maio, na metade. Isso agora não é o mais importante.”
Ainda assim, entende que a retomada da produção no setor deverá ser gradual, com apenas parte dos trabalhadores de volta às linhas de montagem. Pelo menos é o que planeja para a Volkswagen. “Não podemos gerar mais estoques na cadeia. Vamos produzir de acordo com a demanda”, disse o executivo, que defende que não é momento de as empresas pensarem em demissões.
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