Presidente da Anfavea diz que já em março "eles puseram o pé no freio"
Assim que as medidas de isolamento social necessárias para o combate ao novo coronavírus foram adotadas no País, os bancos particulares passaram a ser mais rigorosos na concessão de crédito para a compra de automóveis, principalmente pelo receio de haver um aumento da inadimplência em função da inevitável crise econômica decorrente da crise na saúde.
“Já em março os bancos particulares puseram o pé no freio”, comenta o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, revelando que a participação dos bancos das montadoras, que era de 45% no total de empréstimos no setor automotivo antes da pandemia subiu para 60% no mês passado.
Moraes criticou a concentração do sistema bancário no País, com quatro ou cinco instituições dominando 80% das transações, o que leva a situações como a atual, com redução de crédito justamente num momento em que ele se torna fundamental para movimentar a economia. “Com isso, os bancos das montadoras estão tomando o espaço que as instituições particulares abandonaram”.
No Brasil, apenas 50% das transações são realizadas via financiamento tradicional, índice que em mercados mais maduros, como os Estados Unidos, chega a 95%. Moraes ainda não arrisca fazer projeções sobre o comportamento das vendas no País após a pandemia, adiantando apenas que a expectativa é a de uma retomada gradual.
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“Entre este mês de maio e junho as montadoras começam a reativar suas operações, todas elas seguindo protocolo mínimo de segurança na área da saúde e de forma também gradual, até para ver o comportamento do consumidor”, comenta Moraes.
Com relação aos funcionários, o executivo enalteceu a importância da medida provisória 936 editada no começo de abril, que está garantindo flexibilização na área trabalhista e preservando empregos até outubro ou novembro. A partir daí tudo dependerá da reação do mercado e da própria economia brasileira. É possível até, na sua avaliação, que a MP precise ser prorrogada por mais tempo.
Medidas para garantir liquidez no setor
Dentre as iniciativas da Anfavea para garantir a sobrevivência do setor automotivo, foi feito um pleito ao governo federal para que o BNDES utilize os créditos tributários do setor, estimados em R$ 25 bilhões, para dar as garantias exigidas pelos bancos na concessão de empréstimos necessários neste momento.
“Não estamos pedindo dinheiro público e nem qualquer privilégio para o setor. São créditos tributários que temos a receber e consideramos que numa situação como a atual eles poderiam ser utilizados com esse fim”, comenta o presidente da entidade.
Por causa da pandemia da Covid19, o setor estima um rombo de caixa da ordem de R$ 40 bilhões a R$ 50 bilhões nos três meses mais críticos da crise econômica decorrente das medidas de combate ao novo coronavírus. O pleito já foi encaminhado Ministério da Economia e a Anfavea aguarda um retorno positivo para as montadoras terem liquidez para atravessar as atuais dificuldades.
Segundo Moraes, outros países, como a Suécia e Alemanha, tem adotado planos similares de apoio à indústria automotiva: “Lá fora não há créditos tributários da ordem dos existentes no Brasil, mas os governos têm buscado alternativas para garantir a liquidez do setor”.
A reivindicação abrange apenas empréstimos a serem feitos pelas montadoras, mas o presidente da Anfavea destaca que com reposição dos seus caixas, os fabricantes de veículos poderão honrar os compromissos com fornecedores e ajudar os concessionários, favorecendo a cadeia automotiva como um todo. “Temos tido contatos contantes com Fenabrave e Sindipeças para avaliar o quadro atual e garantir a sobrevivência de toda a cadeia automotiva”.
Foto: Divulgação/Anfavea
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