Metade dos modelos produzidos até 2025 serão conjuntos. Na América Latina, plataformas de produtos B serão reduzidas para uma.
As parceiras Renault, Nissan e Mitsubishi revelaram nesta quarta-feira, 27, seus planos conjuntos para os próximos anos. A ideia das três montadoras é reforçar a Aliança criada em 1999 para aumentar a competitividade de cada uma delas em um período de economia global em retração.
“A Aliança é uma parceria estratégica e operacional única e nos oferece uma forte vantagem no cenário automotivo global em constante mudança”, afirmou Jean-Dominique Senard, presidente do Conselho de Administração da Aliança e Renault, que calcula redução de 40% nos investimentos para veículos desenvolvidos em conjunto, quase a metade de todos que serão fabricados até 2025.
“O foco voltou para a eficiência e competitividade, mais do que os volumes”, completou Senard.
Outro estratégia para os próximos anos é que cada uma das marcas lidere as ações em uma região e nas áreas nas quais já tem preponderância e que as duas outras a acompanhem, desfrutando de produtos, estratégias e tecnologias adotadas pela primeira.
Assim, a Nissan será a referência para China, América do Norte e Japão, enquanto a Renault para a Europa, Rússia, América do Sul e Norte da África. A Mitsubishi Motors, em parte da Ásia e Oceania.
As atualizações de produtos seguirão o esquema líder-seguidor: ou seja, os veículos líderes e seguidores serão produzidos nas configurações mais competitivas.
Jáestá determinada que a renovação dos veículos do segmento C-SUV após 2025 será capitaneada pela Nissan. Já a dos B-SUV na Europa caberá à Renault e, na Ásia e Japão, Nissan e Mitisubishi buscarão oportunidades conjuntas inclusive nos carros kei, modelos ultracompactos.
A Aliança admitiu que a produção de um veículo conjunto pode ser compartilhada pelas marcas numa mesma fábrica, caso seja vantajoso. As montadoras, de qualquer maneira, ainda devem revelar esta semana outras medidas para enfrentamento da crise econômica em todo o mundo. Não estão descartados o fechamento de fábricas e cortes de empregos.
As parceiras adiantaram que na América Latina as plataformas de produtos B serão reduzidas das atuais quatro variantes para apenas uma. Ela será aplicada tanto em veículos Renault e Nissan, cada um deles produzidos em um fábrica dedicada para cada marca.
Hoje a Renault conta, só no Brasil, com duas plataformas para automóveis: uma para o pequeno Kwid e outra, maior, para os demais produtos. A Nissan tem apenas a V, adotada em três modelos.
As montadoras, de qualquer maneira, revelarão esta semana outras medidas para enfrentamento global da crise econômica em todo o mundo. Na quinta-feira, a Nissan e a Renault, na sexta. Não estão descartados o fechamento de fábricas e cortes de empregos.
Socorro governamental
Os planos da Aliança foram revelados apenas dois dias depois de o governo francês anunciar pacote de auxílio ao setor automotivo da França superior a € 8 bilhões.
O programa engloba, por exemplo, € 1,3 bilhão para incentivar a renovação da frota com veículos elétricos, empréstimo de € 5 bilhões à Renault, € 1 bilhão para modernização de processos e fábricas e € 600 milhões para startups do setor da mobilidade.
Em contrapartida, o governo quer que as montadoras concentrem investimentos, desenvolvimentos e produção — empregos, portanto — e desenvolvimentos no país, especialmente em veículos elétricos.
O presidente Emanuel Macron quer fazer da França líder mundial da tecnologia. Calcula que o país pode estar produzindo 1 milhão de veículos elétricos anualmente em cinco anos.
Para isso, o governo já deu um importante passo que deve aquecer as vendas em um momento de economia debilitada. Aumentou o bônus para aquisição de automóveis dotados de motores elétricos: dos atuais € 4 mil, o consumidor particular poderá contar agora com € 7 mil e as empresas, com € 5 mil.
Texto atualizado às 17h35
Foto: Divulgação
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