Dispensar 15 mil dos cerca de 180 mil funcionários que compõem seu quadro mundial. Este é o corte que a Renault anunciou nesta sexta-feira, 29, como uma das medidas para alcançar economia da ordem de € 2 bilhões nos próximos três anos e enfrentar vendas globais em queda, custos elevados e sair do prejuízo reportado em fevereiro após uma década.
Quase um terço das demissões, 4,6 mil, estão previstas para acontecer na França, onde estão 48 mil trabalhadores do grupo. A empresa, contudo, não confirmou o fechamento de fábricas integralmente, como temia o governo francês, acionista da Renault e que praticamente condicionou empréstimo de € 5 bilhões à manutenção de postos de trabalho no país.
A capacidade de produção global do Grupo Renault, que envolve várias marcas de veículos, serviços e até autopeças, será reduzida em quase 18%, de 4 milhões de veículos anuais para 3,3 milhões em 2024.
Projetos de ampliação de capacidades, como os das fábricas do Marrocos e da Romênia, por exemplo, foram cancelados e a empresa reestudará o nível de produção na Rússia. Outro estudo redefinirá a fabricação de caixas de câmbio em todo o mundo, o que deve impactar também a operação latino-americana.
A Renault diz que pretende basear sua recuperação atuando mais intensamente em veículos elétricos, comerciais leves e inovação, e que centros de excelências dessas áreas seguirão na França. A redução da força de trabalho no país obedeceria, assim, uma reestruturação de atividades das unidades, mudanças de funções do pessoal e saídas voluntárias.
Com seu plano interno e as novas orientações da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi divulgadas nesta semana, o grupo francês vislumbra redução dos custos de engenharia de € 800 milhões e otimização da produção, com economias de € 650 milhões. Porém, o custo estimado da implementação de todo o plano é da ordem de € 1,2 bilhão.
A exemplo de toda a indústria automotiva, a Renault tem registrado desempenho em forte queda em 2020 e reconhece perspectivas de que as dificuldades se estenderão por algum tempo, com mercados importantes em declínio em decorrência da pandemia e seus efeitos e da própria transformação tecnológica pela qual passa o setor.
“As mudanças planejadas são fundamentais para garantir a sustentabilidade da empresa e seu desenvolvimento a longo prazo. É coletivamente e com o apoio de nossos parceiros da Aliança que seremos capazes de alcançar nossos objetivos “, afirmou Jean-Dominique Senard, presidente do Conselho de Administração da Renault, que concedeu entrevista coletiva ao lado de Clotilde Delbos, CEO interina da empresa, que entregará o cargo ao recém-contratado Luca De Meo em julho.
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No começo da semana, o próprio Senard, também responsável pela Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, criada há duas decadas e que até o momento se caracterizou muito mais por compras conjuntas, revelou diretrizes que fortacelerão o desenvolvimento conjunto e compartilhamento de plataformas entre as três empresas em todos os mercados.
Para as fábricas da Renault e Nissan na América do Sul, por exemplo, está prevista a utilização de apenas uma plataforma ante as quatro atuais. Ela dará origem a todos os modelos hatch, sedãs e SUVs das duas marcas para o segmento B. Renault Captur e Nissan Kicks terão, assim, muito mais em comum do que motores e transmissões, assim como o Renault Sandero e Nissan March ou seu substituto.
Ontem, além de confirmar o crescente número de plataformas compartilhadas com as parceiras, a Nissan revelou que cortará 20% de sua capacidade produtiva mundial e o número de veículos em oferta na mesma proporção.
Foto: Divulgação
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