As vendas on line e a reabertura de parte das concessionárias no Brasil contribuíram para a alta de 10,2% nas vendas de automóveis e comerciais leves no comparativo de maio com abril. Mas o mercado segue bastante lento e o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Junior, avalia que só haverá uma retomada mais efetiva quando todas as concessionárias estiverem funcionando no País e houver maior disponibilidade de crédito, tanto para o consumidor como para as empresas.

“Em maio tivemos alguma melhora, em parte devido à maior aprovação pelos bancos de crédito para a compra de veículos novos. Antes da pandemia, de cada 10 cadastros, 7 eram aprovados pelos bancos. Esse índice baixou para apenas 3 em abril e em maio chegou a 5,6, ou seja, quase que dobrou. Mas ainda está aquém do necessário”, comentou Assumpção Jr.

Um dos problemas é que o crédito está mais fácil para quem tem maior poder aquisitivo. O índice de aprovação é maior na faixa de automóveis com preço em torno de R$ 60 mil, enquanto os consumidores interessados em modelos mais baratos, em torno de R$ 30 mil a R$ 40 mil, têm mais dificuldades para adquirir o bem financiado.

A Fenabrave deverá ter no mês que vem balanço sobre demissões e eventuais fechamento de lojas no setor. “Nós fazemos esse levantamento trimestralmente e, por isso, ainda não temos dados sobre os reflexos da pandemia no nosso quadro de mão de obra e na rede de distribuição como um todo. Mas a situação é difícil. A queda brusca das vendas gera problema de caixa e o setor precisa ter crédito para garantir liquidez em meio a atual crise”.

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Em maio foram emplacados 56.639 automóveis e comerciais leves, um pouco mais do que os 51.355 de abril. Mas no comparativo com o mesmo mês do ano passado, quando foram licenciadas  234.147 unidades, a queda chega a 75,8%. Considerando apenas as vendas dos veículos leves, o acumulado dos primeiros cinco meses do ano totaliza 640.525 licenciamentos, recuo de 38,1% sobre os 1.035.427 veículos emplacados no mesmo período do ano passado.

Segundo o presidente da Fenabrave, o retorno de funcionamento de parte dos Detrans, incluindo o de São Paulo, também contribuiu para a pequena retomada registrada em maio. Mas é fundamental para o setor a reabertura de todas as lojas no País, principalmente as dos grandes centros, como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte, dentre outros.

“Se as concessionárias de São Paulo estivessem operando normalmente, os resultados seriam ainda mais expressivos”, comenta o empresário. São Paulo representava, antes da crise, mais de 26% das vendas de veículos. Esse índice baixou para apenas 0,9%, em abril e ficou em 1,6%, em maio.

A entidade já encaminhou à Prefeitura de São Paulo um novo documento reiterando os protocolos de saúde sanitária que estão sendo adotados pelas concessionárias em praças já abertas, e que também serão aplicados na capital paulista.

“Esperamos que entre quarta-feira, 3, e quinta-feira, 4, tenhamos alguma posição sobre a reabertura do setor na capital paulista. Temos condições de operar com total segurança, tanto para os nossos colaboradores como para os nossos clientes, pois as concessionárias são consideradas atividades essenciais, na medida em que respondem pela mobilidade do País”.

No estado do Rio de Janeiro, a reabertura das concessionárias está prevista para esta terça-feira, dia 2 de junho. Para o presidente da Fenabrave, a retomada do mercado de veículos em geral será gradual. “Ainda é difícil fazer previsões e vamos esperar o fechamento do semestre para estabelecer novas metas para este ano.

“Ainda nãosabemos quando as atividades retornarão em todos os estados e municípios, tampouco, como reagirá a economia e a oferta de crédito para consumo. O que sabemos é que o ritmo será mais lento no início e não temos como prever os reais impactos, nesse momento”, comentou Assumpção Jr., reafirmando que sem crédito não há como preservar empresas e empregos e isso é algo preocupante.


Foto: Divulgação/Jeep

Alzira Rodrigues
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