Embora o parque industrial de veículos comerciais pesados tenha retomado a produção no País, o ritmo no chão de fábrica sinaliza o impacto negativo provocado pela pandemia do novo coronavírus.
No mês passado, as fabricantes produziram pouco mais de 4 mil unidades, volume 63,9% inferior ao anotado em maio de 2019, quando saíram das linhas de montagem 11,2 mil caminhões. Em relação a abril, mês no qual a indústria praticamente parou com as medidas de contenções contra o avanço da covid-19, o crescimento foi de 906%.
No acumulado do ano, os 29,1 mil caminhões produzidos de janeiro a maio representaram um declínio de 35,8% sobre as 45,4 mil unidades montadas há um ano.
De acordo com Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea para caminhões e ônibus, o desempenho apresentado se deve tanto pela retomada da produção em diferentes datas por parte das montadoras quanto pela necessidade de as fabricantes atenderem alguns pouco setores que se mantém em franca atividade.
“Especialmente o agronegócio, a mineração, o segmento de papel e celulose, de combustíveis e, de maneira pontual, em relação ao transporte de itens essenciais, a procura por caminhões continua”, destacou durante apresentação da Anfavea do desempenho do setor automotivo, na sexta-feira, 5.
As exportações também ajudam compreender o baixo volume de produção e o tamanho da crise provocado pela pandemia. Em maio as remessas de caminhões caíram 52%, de 1,3 mil unidades exportadas há ano para apenas 638 veículos embarcados no mês passado. Nos cinco primeiros meses, a retração chegou a 27% com 3,6 mil unidades entregues a mercados externos ante 4,9 mil enviadas nos mesmos meses de 2019.
Perspectivas de mercado
Apesar do cenário nebuloso em função dos prejuízos que a pandemia ainda pode ocasionar, a Anfavea arriscou sua primeira estimativa para o mercado de 2020 considerando os efeitos da crise. Baseada em prognósticos de diversos indicadores, a associação já trabalha com vendas em torno de 65 mil e de 10 mil ônibus, que se realizadas resultarão em quedas de 36% e 52%, respectivamente.
Antes da pandemia, as estimativas apontavam crescimento de 18,4%, no caso de caminhões, para 143 mil unidades, e de 9,8% para as vendas de chassis, alcançando 23 mil unidades.
Neste cenário, que faz o desempenho de pesados voltar aos patamares da saída da crise passada, em 2017, a Anfavea considerou uma queda no PIB de 7% a 7,5%, taxa Selic de 2,25%, cambio entre R$ 5 e R$ 6, inflação de 1,75% e baixo índice de confiança.
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