Ainda há incertezas quanto ao real comportamento do consumidor no pós-pandemia. De concreto, no momento, já se verifica um movimento da troca do veículo seminovo por um mais usado, com a utilização da diferença para fazer caixa. Como tendência, por conta da aversão ao transporte público que aflorou com a Covid-19, um maior interesse em ter um automóvel ou moto, o que poderia favorecer a venda dos seminovos e usados, assim como dos chamados modelos de entrada.
Enfim, como disse o presidente da Anfavea em live promovida pela entidade sobre como será o comportamento do consumidor após à Covid-19 nesta segunda-feira, 22, é difícil no meio da pandemia entender o tamanho da crise, a maior já vivida pelo setor no País, e até mesmo o perfil dos futuros compradores.
“Estamos tentando entender a cabeça e o bolso do consumidor para ver como trabalhar os novos portfólios de produtos”, comentou o executivo, que também falou da questão financeira do próprio setor. “Por questão de sobrevivência, temos de redefinir prioridades. É um momento de revisão total dos investimentos da indústria automotiva, principalmente no Brasil”.
Além de Moraes, também participaram da live Eduardo Jurcevic, CEO da Webmotors, Ricardo Barcellar, líder para indústria automotiva da KPMG Brasil, e Gustavo Pena, chefe da indústria da mobilidade do Google. Com base nos dados da Webmotors, Jurcevic falou sobre o movimento de troca de um veículo mais novo por um mais usado por parte de quem está precisando embolsar algum dinheiro.
“Vemos isso claramente na plataforma. Quem tem um automóvel com até dois anos de uso está optando por um modelo mais velho”, comentou o CEO da Webmotors. O tema também foi abordado por Pena, do Google, para quem esse processo pode abranger também a troca de um carro mais sofisticado por um modelo de entrada, com o intuito de reforçar o caixa do consumidor.
“Tem também a contrapartida, a do consumidor que, justamente por causa da pandemia, resolve satisfazer um desejo antigo sonho e parte para um modelo mais caro. Mas isso, apesar de um nicho importante, representa volume pequeno”, comentou Pena.
Consenso entre os participantes é o receio atual de fazer negócios. Como lembrou o presidente da Anfavea, de um lado tem o aumento do desemprego e, do outro, o receio de perder o emprego. Sem contar que os bancos subiram os juros por receito de alta na inadimplência. “Tudo isso estamos tentando entender para ver como exatamente vamos trabalhar nosso portfólio”.
LEIA MAIS
→Produção cai pela metade, com perda de 610 mil veículos no ano
→Com o pior resultado desde 1957, Anfavea critica condução da crise
→Anfavea vê “combinação explosiva” de custos com queda do consumo
Barcellar, por sua vez, falou da tendência de ser intensificado processo de parcerias, fusões e aquisições como forma de diluir os necessários investimentos futuros no setor. Que o mundo automotivo vai mudar, ninguém tem dúvida. O sonho do carro autônomo, por exemplo, deverá ser postergado na avaliação do presidente da Anfavea.
Os veículos elétricos seguirão firmes em mercados como o europeu, onde as legislações antipoluentes estão mais avançadas. Mas no Brasil e nos Estados Unidos, em contrapartida, a tendência é de o caminho rumo a eletrificação ser mais lento do que anteriormente previsto por causa da pandemia da Covid-19.
Foto: Divulgação/Anfavea
- 2025, o ano da decolagem dos eletrificados “made in Brazil” - 19 de dezembro de 2024
- 2024, um ano histórico para o setor automotivo brasileiro - 19 de dezembro de 2024
- Importações de autopeças avançam 11%, exportações recuam 14% - 18 de dezembro de 2024