A indústria automobilística brasileira precisará de pelo menos mais quatro anos para voltar ao mesmo nível de produção de 2019. E esse é o melhor cenário considerado pela Anfavea, que reviu suas projeções nesta segunda-feira, 6, e agora espera recuo de 45% em 2020, para 1,63 milhão de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus fabricados.
A entidade que reúne as montadoras lançou mão de pesquisa histórica para desenhar um provável cenário paras as linhas de montagem passada as dificuldades sanitárias. O presidente Luiz Carlos Moraes lembrou que depois das crises econômicas nas décadas de 80 e 90, a produção de veículos cresceu, em média, 6% a 7% ao ano nos períodos imediatamente seguintes.
Mas após a forte queda de 2016 e até o primeiro trimestre deste ano, portanto antes do início da pandemia, a recuperação da produção foi um pouco mais acelerada: 11% em média ao ano.
É este o ritmo que a indústria espera repetir para chegar novamente, até 2025, ao patamar produtivo de quase 3 milhões do ano passado. Se isso se concretizar, calcula Moraes, o Brasil deixará de fabricar 3,5 milhões de veículos até la.
A produção acumulada no primeiro semestre foi de apenas 729,5 mil veículos, 50,5% a menos do que nos primeiros seis meses de 2019. Em junho, com a maioria das empresas retomando algum nível de atividade, saíram das linhas de montagem 98,7 mil veículos, crescimento de 129% com relação a maio, mas 57,7% abaixo do volume registrado um ano antes.
Sobre os 45% de recuo da produção em 2020, Moraes, que trabalha com previsão de queda do PIB da ordem de 7%, é enfático: “Trata-se de uma estimativa dramática, mas muito realista com base no prolongamento da pandemia no Brasil e na deterioração da atividade econômica e da renda dos consumidores”.
A projeção para a produção este ano leva em conta mercado interno de 1.675 milhão de unidades, 40% menor, e exportações de somente 200 mil veículos, 53% abaixo do registrado em 2019. De janeiro a junho, foram negociadas 808,8 mil unidades, 38,2% de recuo, sendo 132,8 mil em junho. As exportações no mês passado foram de somente 19,4 mil veículos e de 119,5 mil no semestre.
Apenas duas montadoras deixaram a retomada das atividades para este mês e, das que reiniciaram a operação no mês passado, a maioria adotou somente um turno de trabalho. Quem adotou dois, na verdade dividiu as turmas pela metade.
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A cautela, além das indecisões sobre a evolução da pandemia, obedece também o nível dos estoques. No último dia de junho, os pátios de montadoras e revendas abrigavam 157,6 mil veículos, quase 40 mil a menos do que em junho e suficientes para 36 dias de vendas.
Mas a Anfavea calcula que, dos 132,8 mil licenciamentos de junho, perto de 30 mil foram processos represados de maio e abril, quando a maioria dos Detrans permaneceu inativa.
“Se desconsiderarmos essa quantidade, os estoque seriam suficientes para 46 dias. Daí a tendência de que as montadoras calibrem a produção para diminuir os estoques, que consiomem muito capital de giro das concessionárias”, lembrou Moraes.
Foto: Divulgação
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